21 de maio de 2014

Paranoid – A “Bíblia” do Rock pesado

Em 1970 o Black Sabbath entrava em estúdio para gravar seu segundo disco. Após uma grande estreia, o disco homônimo que tem a clássica capa da mulher misteriosa, o Sabbath já era reconhecido como uma banda promissora, principalmente pelo público, já que a crítica não recebeu bem o primeiro trabalho da banda. O trabalho de estreia já mostrava as grandes características do grupo, um blues pesado, com letras que falavam de ocultismo, com grandes riffs de guitarra de Tony Iommi e o vocal fantástico de Ozzy Osbourne, acompanhados pelo baixo pulsante de Geezer Butler e a bateria selvagem de Bill Ward.


O álbum foi lançado em setembro de 1970 e não demorou muito para emplacar nas paradas de sucesso. Produzido por Rodger Bain, Paranoid se tornou a base para o rock pesado feito dali em diante. O disco era para ter se chamado War Pigs, porém a gravadora ficou com receio por causa da Guerra do Vietnã que acontecia naquela época e a polêmica que isto poderia causar.

A música de abertura, “War pigs”, é um épico de quase oito minutos, com várias mudanças de ritmos e claro, riffs fantásticos de Tony Iommi. Na letra, a banda fala sobre a injustiça da guerra, claramente sobre a Guerra do Vietnã. Uma crítica aos lideres dos países que mandam os pobres para a guerra, enquanto se escondem e só pensam em destruir os adversários, matando pessoas inocentes, como nos trechos da letra: “Políticos se escondem / Eles apenas iniciaram a guerra / Por que eles deveriam sair para lutar?/ Este papel eles deixam para os pobres”.




Tony Iommi quase teve sua carreira interrompida por um grave acidente. Aos 17 anos, quando trabalhava em um fábrica em sua cidade natal, Birmingham, teve sua mão esmagada por uma máquina e perdeu a falange de dois dedos de sua mão direita, justamente a mão que utilizava para fazer os acordes na guitarra, já que é canhoto. Foi um grande trauma para Tony que pensava que não poderia mais tocar guitarra, pois foi desencorajado por diversos médicos.

A grande salvação foi quando ele conheceu o trabalho do artista belga de Jazz, Django Reinhardt, que tocava usando apenas os dedos indicador e médio. Tony então viu que nem tudo estava perdido e começou a tocar colocando encaixes improvisados de plástico nas pontas dos dedos, posteriormente substituídos por próteses. Graças a sua força de vontade e talento, acabou se tornando um dos maiores guitarrista da história do rock.

“Paranoid”, a segunda música do disco, se tornou um dos maiores clássicos de todos os tempos. Um guitarrista que nunca tocou esta música não pode ser considerado realmente um guitarrista. Seu riff simples e sua letra que fala de um homem à beira da loucura transformaram a canção em um hino para diversos jovens do mundo todo. Destaque também para a performance vocal desolada de Ozzy na canção, interpretando muito bem o personagem da música. 



“Planet caravan” mostra o lado suave e psicodélico da banda. Uma música estranha, mas que mostra a toda a musicalidade do Sabbath, que não era uma banda que fazia barulho sem nexo algum, mas uma banda com ótimos instrumentistas. O efeito de vibrato na voz de Ozzy, torna a música ainda mais bela e misteriosa com uma bela percussão e uso de outros instrumentos não muito relacionados ao som pesado do Sabbath. Muitos chegam a pensar que outro integrante teria cantado a música no lugar de Ozzy Osbourne, assim como a música “Solitude” do disco Master of Reality, mas o que ocorreu é que Ozzy cantou em um tom mais baixo nas duas músicas e sua voz ficou bem diferente de seu tom tradicional.


Não há muito mais a falar sobre a música “Iron man”. Talvez o maior riff de guitarra de todos os tempos, também é uma música obrigatória para ser tocada por qualquer guitarrista que se preze. Muitos relacionam a música com o super-herói Homem de Ferro, mas a letra em si não fala sobre ele. Claro que muitos anos depois a Marvel utilizou a canção como tema do filme sobre o Homem de Ferro, com o ator Robert Downey Jr.



“Eletric funeral” para variar tem um riff clássico e fala sobre uma guerra nuclear, com as tradicionais mudanças repentinas de ritmo características do Sabbath. “Hand of doom” fala sobre o vício em heroína e “Rat salad” é o momento instrumental do álbum. “Fairies Wear Boots" é sobre um delírio de Ozzy que começou a ver fadas usando botas depois de ele usar drogas.

Talvez o único defeito de Paranoid na minha opinião seja a qualidade do som, que não conseguiu captar a fúria da banda ao vivo, devido provavelmente a pobre produção e pelos recursos técnicos da época. Em Paranoid o Black Sabbath mostrou que era uma banda que ao contrário do que a crítica dizia, não era um grupo satanista, apesar do interesse pelo ocultismo. Neste disco a banda abordou assuntos como a Guerra, o vício e a loucura do ser humano em geral.

O segundo álbum do Sabbath é a maior referência do rock pesado, tanto no heavy metal (apesar de algumas bandas terem colocado um excessivo virtuosismo no metal, fugindo um pouco da proposta do Sabbath), como o Grunge, o Stoner Rock e qualquer outro estilo de Rock mais pesado. Com uma sonoridade pesada e objetiva, mas muito bem tocada, o Black Sabbath se tornou uma das maiores bandas de todos os tempos, sendo Paranoid parte de uma discografia básica para todos que querem entender o Rock feito após a década de 70.






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