12 de maio de 2014

Resenha - Nasi ao vivo no Centro Cultural São Paulo

Marcos Valadão, mais conhecido como Nasi, sempre teve projetos musicais além do Ira!. Desde a banda Voluntários da Pátria, no qual lançou apenas um disco em 1984, o cantor paulistano sempre esteve na ativa, produzindo até um dos primeiros discos de rap feitos no Brasil, da dupla Thaíde e Dj Hum, no final dos anos 80.


Outro projeto famoso de Nasi foi a banda Nasi e Irmãos do Blues. Com este projeto, o cantor lançou três discos de estúdio: Uma Noite Com Nasi & Os Irmãos do Blues (1993), Os Brutos Também Amam (1996) e O Rei da Cocada Preta (2000). Com esta banda, Nasi conseguiu mostrar seu lado mais blueseiro, algo que não havia espaço com o Ira!

Em 2006 finalmente lançou um disco totalmente solo, Onde os Anjos não Ousam Pisar. Em 2010 foi a vez do Cd e Dvd Vivo Na Cena, que foi gravado ao vivo no estúdio e teve várias participações especiais, como o de Marcelo Nova do Camisa de Vênus e Vanessa Krongold da banda Ludov. Perigoso foi lançado em 2012 e foi o seu último projeto solo lançado.

Nasi subiu ao palco neste último sábado no lendário Centro Cultural São Paulo. Um dos melhores locais para assistir shows, com um clima bem intimista e um palco que fica na mesma altura da plateia, reforçando o clima de proximidade entre público e artista. Acompanhado por uma ótima banda de apoio, com Rodrigo Lancellotti na guitarra, Johnny Boy no baixo, André Youssef no teclado e Evaristo Pádua na bateria, Nasi fez um belo apanhado de sua carreira neste show.

A voz “baleada” de Nasi, graças aos vários anos de estrada, excessos e pelos vários quilos a mais, acaba combinando com a sonoridade rockeira de sua carreira solo, que ainda tem boas doses de blues e um pouco do folk casca grossa estilo Johnny Cash. O setlist foi um apanhado geral de sua carreira, com músicas do disco Vivo na Cena como “Aqui não é o meu lugar” e “Eu só poderia crer” e também faixas de seu último disco, Perigoso, como “Dois animais na selva suja da rua”, música que fez sucesso na voz de Erasmo Carlos, “Amuleto” e “Tudo bem”.

Mas o que o público mais queria ver eram as canções de sua clássica banda. Do Ira! ele tocou músicas como “Eu quero sempre mais”, “O girassol”, “Envelheço na cidade” e encerrando o show com a emblemática “Dias de luta”. Destaque para o ótimo baterista Evaristo Pádua, que tocará com o Ira! em sua turnê de volta. Ainda houve espaço para homenagens a outros grandes nomes do rock brasileiro como Raul Seixas, em “As minas do Rei Salomão” e “Rockixe”, Cazuza em “O tempo não para” e Renato Russo em “Música urbana 2”.

O show mostrou que Nasi tem uma carreira muito coerente e muito significativa dentro do rock brasileiro. Um artista que enfrentou diversas crises pessoais e consegue mesclar o rock tradicional de grandes nomes, músicas autorais e músicas de novos artistas dentro do cenário alternativo brasileiro. Foi um belo aperitivo para os fãs do Ira! que esperam ansiosamente o primeiro show de reunião da banda, que acontecerá dia 17 de maio na abertura da Virada Cultural em São Paulo. 

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