26 de maio de 2014

Jesus & Mary Chain ao vivo em São Paulo – Resenha

Ontem em São Paulo aconteceu o Festival Cultura Inglesa no Memorial da América Latina, tendo como principal atração a banda escocesa Jesus & Mary Chain. O Jesus é uma das bandas mais importantes do rock alternativo, com uma sonoridade que influenciou diversas bandas do Britpop e do Rock alternativo, dos anos 90 pra cá. Tendo como núcleo principal os irmãos Reid, o vocalista Jim e o guitarrista William, a banda lançou seis discos de estúdio: Psichocandy (1985), Darklands (1987), Automatic (1989), Honey´s Dead (1992), Stoned & Deathroned (1994) e Munki (1998).


A banda ainda teve como um de seus integrantes o vocalista do Primal Scream, Bob Gillespie, que tocou bateria no primeiro álbum do Jesus & Mary Chain. O som do Jesus sempre foi feito de músicas melodiosas afundadas em distorções e microfonia, um estilo bem característico, que influenciou muita gente que veio depois. Após o término da banda em 1999, o grupo voltou à ativa em 2007 e segue fazendo shows, mesmo sem lançar um disco de inéditas desde 1998.

Cheguei ao festival quando começava o show da banda Los Campesinos. Nunca tinha ouvido falar na banda, que até chegava a divertir em alguns momentos, mas fazia um som tão derivativo e com um vocal tão desafinado que não empolgaram tanto o público. Uma chuva insistia em cair no domingo em São Paulo e dá-lhe capa de chuva. Era o cenário perfeito para a entrada de uma das bandas mais emblemáticas do Rock.

O Jesus entrou no palco por volta das sete e meia da noite abrindo o show com “Snakedriver”. A chuva deu uma trégua e logo na segunda canção veio o primeiro clássico, “Head on” do disco Automatic de 1989, música que foi regravada pelo Pixies no disco Trompe Le Monde e pela Legião Urbana no Acústico MTV. Alguns estavam incrédulos em ver em um show gratuito seus heróis musicais, que muitos ali só tinham visto na TV e na Internet.


"Blues from a gun” foi a quinta música do show e me fez lembrar o saudoso lado B da MTV Brasil, bons tempos do Rock anos 90. Com seu peso e distorção foi um dos melhores momentos do show. “Sidewalking” e “Cracking up” deram sequência ao show com aquilo que o Jesus faz de melhor, guitarras distorcidas e a voz meio preguiçosa de Jim Reid, uma combinação que tornou o som da banda um clássico.

E por uma daquelas coincidências que só acontecem no rock, logo no início de “Happy when it rains” a chuva fina voltou, dando um clima a mais ao show. Para encerrar o show antes do bis a banda tocou o clássico “Just like honey”, com uma convidada especial para fazer o vocal feminino, porém a baixa qualidade do som impediu que se ouvisse alguma coisa da voz dela.

A banda voltou para o bis e tocou mais três músicas, encerrando o show com o peso e distorção da ótima “Reverence”. Apesar de a banda estar um pouco fora de forma (o vocalista Jim Reid teve que pedir para a banda recomeçar três músicas devido algum integrante estar atravessando) e da qualidade do som não estar tão boa (uma equalização que deixou o som muito grave) o Jesus & Mary Chain saciou a fome daqueles fãs que há muito tempo esperavam a oportunidade de vê-los ao vivo.




Jim Reid falou pouco com o público, mas se mostrou afável mandando até alguns tímidos beijos para a plateia. Um show que poderia ser tachado de burocrático por aqueles que não conhecem muito do estilo da banda, mas com um repertório que compensa qualquer tipo de erro ou introspecção. Algo que só uma banda com trinta anos de carreira pode conseguir. 






*Fotos tiradas por Maurício Millor

2 comentários:

  1. Muito bom texto! Se o William tivesse tocado mais músicas como tocou Reverence, o show teria sido muuuuuito melhor. Ainda sim, valeu cada momento. Até mesmo o assassinato de Just Like Honey...

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    1. Valeu Milton! O show foi válido pela nostalgia mesmo dos bons tempos do rock alternativo! Abraço!

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