Ontem em São Paulo aconteceu
o Festival Cultura Inglesa no Memorial da América Latina, tendo como principal
atração a banda escocesa Jesus & Mary Chain. O Jesus é uma das bandas mais
importantes do rock alternativo, com uma sonoridade que influenciou diversas
bandas do Britpop e do Rock alternativo, dos anos 90 pra cá. Tendo como núcleo
principal os irmãos Reid, o vocalista Jim e o guitarrista William, a banda
lançou seis discos de estúdio: Psichocandy (1985), Darklands (1987), Automatic
(1989), Honey´s Dead (1992), Stoned & Deathroned (1994) e Munki (1998).
A banda ainda teve como um
de seus integrantes o vocalista do Primal Scream, Bob Gillespie, que tocou bateria
no primeiro álbum do Jesus & Mary Chain. O som do Jesus sempre foi feito de
músicas melodiosas afundadas em distorções e microfonia, um estilo bem característico,
que influenciou muita gente que veio depois. Após o término da banda em 1999, o
grupo voltou à ativa em 2007 e segue fazendo shows, mesmo sem lançar um disco
de inéditas desde 1998.
Cheguei ao festival quando
começava o show da banda Los Campesinos. Nunca tinha ouvido falar na banda, que
até chegava a divertir em alguns momentos, mas fazia um som tão derivativo e
com um vocal tão desafinado que não empolgaram tanto o público. Uma chuva
insistia em cair no domingo em São Paulo e dá-lhe capa de chuva. Era o cenário
perfeito para a entrada de uma das bandas mais emblemáticas do Rock.
O Jesus entrou no palco por
volta das sete e meia da noite abrindo o show com “Snakedriver”. A chuva deu
uma trégua e logo na segunda canção veio o primeiro clássico, “Head on” do
disco Automatic de 1989, música que foi regravada pelo Pixies no disco Trompe
Le Monde e pela Legião Urbana no Acústico MTV. Alguns estavam incrédulos em ver
em um show gratuito seus heróis musicais, que muitos ali só tinham visto na TV
e na Internet.
"Blues from a gun” foi a
quinta música do show e me fez lembrar o saudoso lado B da MTV Brasil, bons tempos
do Rock anos 90. Com seu peso e distorção foi um dos melhores momentos do show.
“Sidewalking” e “Cracking up” deram sequência ao show com aquilo que o Jesus
faz de melhor, guitarras distorcidas e a voz meio preguiçosa de Jim Reid, uma
combinação que tornou o som da banda um clássico.
E por uma daquelas
coincidências que só acontecem no rock, logo no início de “Happy when it rains”
a chuva fina voltou, dando um clima a mais ao show. Para encerrar o show antes
do bis a banda tocou o clássico “Just like honey”, com uma convidada especial
para fazer o vocal feminino, porém a baixa qualidade do som impediu que se
ouvisse alguma coisa da voz dela.
A banda voltou para o bis e
tocou mais três músicas, encerrando o show com o peso e distorção da ótima “Reverence”.
Apesar de a banda estar um pouco fora de forma (o vocalista Jim Reid teve que
pedir para a banda recomeçar três músicas devido algum integrante estar
atravessando) e da qualidade do som não estar tão boa (uma equalização que
deixou o som muito grave) o Jesus & Mary Chain saciou a fome daqueles fãs
que há muito tempo esperavam a oportunidade de vê-los ao vivo.
Jim Reid falou pouco com o
público, mas se mostrou afável mandando até alguns tímidos beijos para a
plateia. Um show que poderia ser tachado de burocrático por aqueles que não
conhecem muito do estilo da banda, mas com um repertório que compensa qualquer
tipo de erro ou introspecção. Algo que só uma banda com trinta anos de carreira
pode conseguir.
*Fotos tiradas por Maurício
Millor
Muito bom texto! Se o William tivesse tocado mais músicas como tocou Reverence, o show teria sido muuuuuito melhor. Ainda sim, valeu cada momento. Até mesmo o assassinato de Just Like Honey...
ResponderExcluirValeu Milton! O show foi válido pela nostalgia mesmo dos bons tempos do rock alternativo! Abraço!
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