Em março de 1990, o Depeche
Mode faria uma tarde de autógrafos para divulgação de seu novo álbum, porém,
apareceram mais de 15 mil pessoas e o evento teve que ser cancelado. Talvez a
banda ali não imaginasse que já eram gigantes da música pop, graças ao sucesso
do colossal disco Music for the Masses de 1987, que tinha sucessos mundiais
como “Strange Love” e “Never Let Me Down Again”.
Violator, o sétimo disco de
estúdio do grupo era mais bem mais introspectivo do que o anterior. Para a
produção foi recrutado Flood, que já tinha trabalhado com U2, Erasure e com o
próprio Depeche Mode no single “Shake de Disease”. A capa do álbum também é
icônica, a rosa vermelha com o fundo preto representaria, segundo reza a lenda,
a rosa vermelha do personagem Pequeno Príncipe.
O álbum abre com a futurista
“World in my eyes” e tem uma letra que convida a pessoa amada a viajar pela
visão do autor. Em “Sweetest perfection” percebemos citações na letra sobre
vício em drogas: “Por medo que o encanto possa ser quebrado / Quando preciso de
uma droga em mim / E isso revela o meu lado criminoso / Sinto algo me puxando /Então
quero algo real, não indícios”.
“Personal Jesus” é uma
canção bem diferente do que o Depeche Mode tinha feito até então, tem um
arranjo Glam rock feito em cima de uma batida de uma música do Garry Glitter,
com um riff delicioso e uma letra que fala sobre religião e fé. “Halo” é outra
música incrível do álbum e não fez tanto sucesso quanto os outros singles.“Waiting
for the night” é uma das mais “dark” do álbum.
“Enjoy the silence” é uma
daquelas canções onde tudo se encaixa perfeitamente, desde a melodia à letra, do
vocal aos arranjos. O sucesso da música se deve muito também ao icônico videoclipe
dirigido por Anton Corbijn, diretor de vários clipes da banda e fotógrafo
também (praticamente o quinto integrante do Depeche Mode). No vídeo vemos o
vocalista Dave Gahan como um príncipe solitário em meio a uma montanha. O clipe
foi influenciado pela obra “O Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry.
“Policy of Truth” talvez
seja a música mais otimista do álbum, com um grandioso refrão, enquanto “Blue
Dress” tem um arranjo estranho e claustrofóbico. “Clean” é um encerramento
perfeito para um disco clássico como este.
Violator se tornou um
sucesso estrondoso por vários motivos, desde a produção coesa de Flood (muita
gente não percebia que era Martin Gore que cantava as canções “Sweetest
perfection” e “Blue Dress” e não David Gahan) até os arranjos e efeitos eletrônicos
sensacionais feitos por Alan Wilder (depois que ele saiu da banda em 1995 não
conseguiram mais alcançar o mesmo nível de sucesso), as letras confessionais de
Gore e o vocal grave e seguro de Dave Gahan. Violator era o Depeche Mode em seu
auge criativo e mesmo trinta anos depois de seu lançamento as músicas do álbum
não soam datadas. Um disco essencial para qualquer coleção que se preze.