Na metade dos anos 80, Stone
Gossard, Jeff Ament, Mark Arm e Steve Turner faziam em Seattle parte da banda
Green River. O grupo foi uma dos precursores do movimento Grunge. Depois de
alguns desentendimentos a banda terminou e Arm e Turner formaram o Mudhoney,
outro grande nome dentro do rock alternativo norte americano.
O guitarrista Stone Gossard
e o baixista Jeff Ament logo depois se uniram ao vocalista Andrew Wood e
formaram o Mother Love Bone. A banda começou a se destacar dentro do
underground e logo conseguiu um contrato com uma gravadora. O vocalista Andrew Wood morreu devido a uma overdose de heroína, pouco antes do primeiro e único
disco do grupo ser lançado, Apple de 1990. O disco tinha uma sonoridade meio
anos 70, com bastante influência do Led Zeppelin e foi muito bem recebido pela
crítica.
A morte de Wood decretou o
fim da promissora banda e Gossard e Ament estavam novamente sem rumo. Os dois
se juntaram ao guitarrista Mike McCready e gravaram uma fita demo com o
objetivo de encontrar um baterista e um vocalista para seu novo projeto. Eles
entregaram a fita para o ex-baterista do Red Hot Chilli Peppers, Jack Irons que
não se interessou em participar do futuro grupo. Irons então passou a fita
para um amigo de San Diego, Eddie Vedder, que tinha uma banda chamada Bad Radio.
Vedder se identificou com o som
daquela fita demo e fez as letras e gravou os vocais para as três músicas (que
futuramente seriam “Alive”, “Once” e “Footsteps”). Eddie mandou a fita de volta
e impressionou os outros três integrantes, que logo o chamaram para uma audição
em Seattle. Não demorou muito para que ele fosse o vocalista da banda. Dave
Krusen foi escolhido como baterista e o nome escolhido para o grupo foi Mookie
Blaylock em homenagem a um jogador de basquete, porém este nome não durou muito
e a banda se intitulou de Pearl Jam. No final de 1990 o Pearl Jam se juntou com
outra banda de Seattle, o Soundgarden e montaram o Temple of The Dog, gravando
um disco em homenagem ao falecido vocalista do Mother Love Bone.
Para justificar o nome Pearl
Jam, Vedder inventou uma história sobre uma avó que fazia uma geleia especial,
uma brincadeira que foi levada a sério por muitos anos. O grupo de Seattle
acabou assinando contrato com a Epic e entrou em estúdio para gravar seu primeiro
disco em março de 1991 no London Bridge. A produção ficou a cargo de Rick
Parashar. O nome do disco, Ten foi em homenagem ao número da camisa usada pelo
jogador de basquete Mookie Blaylock, que foi o primeiro nome da banda também.
Lançado em 27 de agosto de
1991, Ten mostra uma banda vigorosa, fazendo um rock intenso e energético,
graças à raça de Eddie Vedder que canta com muita emoção e entrega nas músicas
e aos bons instrumentistas do grupo, principalmente a dupla de guitarristas,
Stone Gossard e Mike McCready. O disco demorou um pouco para emplacar, mas
chegou ao topo das paradas, graças a grandes canções como “Alive”, “Even flow”
e “Jeremy”.
O Pearl Jam não ficou
totalmente satisfeito com a mixagem final do álbum, achando que foi utilizado
muito reverb nas vozes e guitarras, algo que foi tirado dos álbuns seguintes da
banda, que primam por uma produção bem discreta, sem muito overdub e reverb.
O disco abre com a incendiária “Once” e em seguida com a melhor música do Pearl
Jam, “Even flow” que tem uma letra que fala sobre moradores de rua e um
lendário vídeo clipe ao vivo, em que Vedder se pendura no teto do teatro em que
a banda se apresenta e se joga na plateia.
“Alive” conta a história de
um garoto que descobre que seu pai na verdade é seu padrasto, seu pai biológico
morreu e foi criado como se fosse filho por seu padrasto. O riff antológico da
música se tornou um dos melhores da década de noventa e os solos finais mostram
que o Pearl Jam se aproximava mais ao Classic Rock do que ao Punk, ao contrário
de bandas contemporâneas como o Nirvana, por exemplo.
“Black” é uma daquelas
canções para acender isqueiros nos shows, uma balada emocionante que se tornou obrigatória
no repertório do Pearl Jam. “Jeremy” foi inspirada na história de um garoto que
se matou na frente dos colegas de escola e tem um clipe que foi um dos mais
premiados dos anos 90. A clássica linha de baixo na introdução da música é
arrepiante, assim como a interpretação de Vedder, que conta a história deste
garoto com muita emoção.
“Oceans” fala sobre a paixão
de Vedder pelo mar e pelo surf, enquanto “Porch” é uma canção vibrante e
intensa. O Pearl Jam foi acusado algumas vezes de fazer um rock comercial
demais, principalmente por Kurt Cobain, criando uma suposta rixa entre as
bandas, mas o Pearl Jam sempre se mostrou como uma banda de rock alternativo,
graças as suas posições ideológicas e políticas, por exemplo, na briga contra o
monopólio de ingressos pela empresa Ticketmaster.
Ten catapultou o Pearl Jam
ao estrelato, que depois deste fenômeno de vendas preferiu um caminho mais
tranquilo para sua carreira, com discos sem tanta produção e mais focados na
parte musical, sem muito investimento em divulgação e videoclipes milionários.
A estratégia deu certo, tanto que o grupo está na ativa até hoje, com uma
carreira sólida e consistente, com turnês sempre cheias e lucrativas. Um
clássico do rock, que marcou uma geração de jovens, em uma década que talvez
seja a última grande década do rock em todo mundo.
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