16 de outubro de 2014

Manic Street Preachers se reinventa em Futurology



Em Julho deste ano saiu o último disco da banda Galesa Manic Street Preachers. Futurology é o décimo segundo álbum de estúdio do grupo e mostra uma banda ainda criativa e inventiva. Depois do belo, mas sonolento disco anterior, Rewind The Film de 2013, os Manics voltam com uma sonoridade influenciada pelo rock dos anos 80 e pela música eletrônica europeia do final dos anos 70. 


A banda que estourou nos anos 90 com hits como “A design for life” e “Everything must go” sempre esteve à margem do sucesso, com boas vendagens na Europa e Reino Unido, mas praticamente desconhecida do restante do mundo, tanto que nunca vieram tocar no Brasil. Com uma discografia prolífera e coerente o grupo vem superando todas as dificuldades que uma banda que fica muito tempo na ativa enfrenta, tendo que se reinventar a cada novo trabalho. 


Os Manics sempre tiveram como característica um som influenciado pelo pós-punk, com letras politizadas e com ideais de esquerda, aproximando-se sempre do socialismo. O grupo passou por um momento muito difícil em 1995, com o desaparecimento do guitarrista Richey Edwards, que foi visto pela última vez perto de uma ponte, o que alimenta a tese que ele cometeu suicídio. 

Depois de um disco com uma sonoridade mais acústica, em Futurology a banda faz um som que mescla a veia melódica que eles sempre tiveram com elementos eletrônicos e muita influência de bandas dos anos 80. A música de abertura, “Futurology” já mostra que o grupo traz de volta um pouco daquele som feito pela banda nos anos 90, com melodias envolventes e letras politizadas. 

“Walk to the bridge” tem um teclado bem oitentista e a letra dá a entender que fala sobre Richey Edwards, mas este fato foi desmentido pelo baixista e compositor da letra, Nick Wire. “Let´s go to war” tem elementos eletrônicos e é interessante, apesar de seu discurso um pouco panfletário. “The next jet to leave Moscow” com a participação do tecladista do Super Furry Animals, Cian Ciarán, tem uma melodia pop e envolvente. 




“Europa Geht Durch Mich" é uma das melhores do disco, tem uma letra propositalmente repetitiva, porém tem uma sacada legal na percussão tornando a música bem interessante. A letra é cantanda em inglês pelo vocalista James Dean Bradfield e em alemão pela atriz Nina Hoss e fala um pouco dos anseios da população europeia em relação ao futuro. “Divine youth” é uma belíssima canção com participação da artista galesa Georgia Ruth. 




“Sex, power, love and money” é o momento mais rock do disco, com uma guitarra mais pesada que lembra mais o Manics do início de carreira. "Dreaming a City (Hughesovka)" é instrumental e mistura elementos eletrônicos com bons solos de guitarra. "Black Square" , "Between the Clock and the Bed" e "The View from Stow Hill" tem aquelas belas melodias e refrões que a banda faz com muita eficiência, enquanto "Misguided Missile"  tem um ritmo mais puxado para o indie rock. O álbum termina com a instrumental "Mayakovsky", que no inicio faz uma referência ao final de “Helter skelter” dos Beatles em que Ringo Star reclama que está com bolhas nos dedos. 

Em Futurology o Manic Street Preachers faz um trabalho homogêneo e coeso, o disco não tem nenhum mega hit que se destaque tanto, mas todas as canções são boas e ouve-se o disco inteiro mantendo o mesmo interesse em todas as faixas. A banda obtém êxito ao se reinventar neste novo álbum, que dá ainda mais fôlego para a coerente carreira da banda galesa. Resta torcer que um dia quem sabe eles embarquem no Brasil para matar a sede dos poucos, mas fiéis fãs da banda no país. 





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