Em Julho deste ano saiu o
último disco da banda Galesa Manic Street Preachers. Futurology é o décimo
segundo álbum de estúdio do grupo e mostra uma banda ainda criativa e
inventiva. Depois do belo, mas sonolento disco anterior, Rewind The Film de
2013, os Manics voltam com uma sonoridade influenciada pelo rock dos anos 80 e
pela música eletrônica europeia do final dos anos 70.
A banda que estourou nos
anos 90 com hits como “A design for life” e “Everything must go” sempre esteve
à margem do sucesso, com boas vendagens na Europa e Reino Unido, mas
praticamente desconhecida do restante do mundo, tanto que nunca vieram tocar no
Brasil. Com uma discografia prolífera e coerente o grupo vem superando todas as
dificuldades que uma banda que fica muito tempo na ativa enfrenta, tendo que se
reinventar a cada novo trabalho.
Os Manics sempre tiveram
como característica um som influenciado pelo pós-punk, com letras politizadas e
com ideais de esquerda, aproximando-se sempre do socialismo. O grupo passou por
um momento muito difícil em 1995, com o desaparecimento do guitarrista Richey
Edwards, que foi visto pela última vez perto de uma ponte, o que alimenta a
tese que ele cometeu suicídio.
Depois de um disco com uma
sonoridade mais acústica, em Futurology a banda faz um som que mescla a veia melódica
que eles sempre tiveram com elementos eletrônicos e muita influência de bandas
dos anos 80. A música de abertura, “Futurology” já mostra que o grupo traz de
volta um pouco daquele som feito pela banda nos anos 90, com melodias
envolventes e letras politizadas.
“Walk to the bridge” tem um
teclado bem oitentista e a letra dá a entender que fala sobre Richey Edwards,
mas este fato foi desmentido pelo baixista e compositor da letra, Nick Wire. “Let´s
go to war” tem elementos eletrônicos e é interessante, apesar de seu discurso um
pouco panfletário. “The next jet to leave Moscow” com a participação do
tecladista do Super Furry Animals, Cian Ciarán, tem uma melodia pop e
envolvente.
“Europa Geht Durch
Mich" é uma das melhores do disco, tem uma letra propositalmente repetitiva,
porém tem uma sacada legal na percussão tornando a música bem interessante. A
letra é cantanda em inglês pelo vocalista James Dean Bradfield e em alemão pela
atriz Nina Hoss e fala um pouco dos anseios da população europeia em relação ao
futuro. “Divine youth” é uma belíssima canção com participação da artista
galesa Georgia Ruth.
“Sex, power, love and money”
é o momento mais rock do disco, com uma guitarra mais pesada que lembra mais o
Manics do início de carreira. "Dreaming a City (Hughesovka)" é
instrumental e mistura elementos eletrônicos com bons solos de guitarra. "Black
Square" , "Between the Clock and the Bed" e "The View from
Stow Hill" tem aquelas belas melodias e refrões que a banda faz com muita eficiência,
enquanto "Misguided
Missile" tem um ritmo mais puxado
para o indie rock. O álbum termina com a instrumental "Mayakovsky",
que no inicio faz uma referência ao final de “Helter skelter” dos Beatles em
que Ringo Star reclama que está com bolhas nos dedos.
Em Futurology o Manic Street
Preachers faz um trabalho homogêneo e coeso, o disco não tem nenhum mega hit
que se destaque tanto, mas todas as canções são boas e ouve-se o disco inteiro
mantendo o mesmo interesse em todas as faixas. A banda obtém êxito ao se
reinventar neste novo álbum, que dá ainda mais fôlego para a coerente carreira
da banda galesa. Resta torcer que um dia quem sabe eles embarquem no Brasil
para matar a sede dos poucos, mas fiéis fãs da banda no país.
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