Lançado em 9 de Setembro de
2014, Songs of Innocence é o décimo terceiro disco de estúdio dos irlandeses do
U2. A banda resolveu disponibilizar o disco gratuitamente para os usuários do
I-tunes e quase que o tiro saiu pela culatra: muitos se sentiram invadidos por
receberem o disco como arquivo mesmo sem querer o álbum, tanto que Bono Vox
teve que se desculpar pela estratégia que a banda adotou.
Na capa do disco, o
baterista Larry Mullen Jr. aparece abraçado ao seu filho e o título do álbum
foi inspirado no livro Songs of Innocence and of Experience de William Blake. Para
a produção a banda sabia que teria que jogar para ganhar e chamou um super time
de produtores, entre eles Flood, Danger Mouse e Paul Epworth. O conceito das
letras deste trabalho é mais pessoal e revisita a infância e adolescência dos
integrantes e presta homenagens a bandas que influenciaram o U2, como Ramones e
The Clash.
A primeira música do disco “The
miracle (Of Joey Ramone)” fala sobre o impacto que a música dos Ramones teve na
vida de Bono Vox. Infelizmente a banda errou ao escolher esta música como
abertura do álbum e primeiro single, a canção parece mais um tributo ao
Coldplay, com seus coros constrangedores e é uma das canções mais fracas de
Songs of Innocence. Além disto, tem uma guitarra propositalmente “estourada”
para dar um ar mais roqueiro, mas não convence.
As coisas começam a melhorar
em “Every breaking wave” com boas guitarras, ritmo envolvente e um ótimo
refrão, além de teclados oitentistas. “California (There is no end to love) tem
uma vocalização no começo que fica na cabeça, que poderia ser mais explorada durante a música e um bom refrão, uma daquelas músicas pop que o U2 faz muito
bem quando está inspirado.
“Song for someone” é uma
homenagem de Bono à sua esposa, uma balada não muito inspirada. No refrão
parece que Brandon Flowers do The Killers faz uma participação especial na
música, mas é apenas Bono Vox cantando, isto mostra como o Killers se
especializou em imitar a banda irlandesa com perfeição. “Iris (Hold me close)”
é uma homenagem à mãe de Bono que faleceu na adolescência do vocalista. A
música começa bem, lembrando um pouco a fase de Joshua Tree, mas tem um refrão
que lembra os piores momentos do The Killers.
O disco começa a engrenar
mesmo em “Volcano”, começando com um baixo distorcido e uma pegada mais
roqueira e um refrão que fica na cabeça. “Raised by wolwes” também é ótima, com
um ritmo vigoroso e uma letra que fala sobre um massacre na Irlanda nos anos
70, lembrando fases mais roqueiras do U2 como nos discos War e October.
“Cedarwood Road” tem um riff
pesado dobrado com violão, mais uma canção com uma pegada mais forte, enquanto “Sleep
like a baby tonight” tem elementos eletrônicos que remetem à música eletrônica
feita nos anos 70, de bandas como o Kraftwerk. A letra fala sobre a pedofilia
na Igreja Católica e tem um clima angustiante e uma ótima interpretação de
Bono.
“This is where you can reach
me now” tem mais suingue, com uma belíssima linha de baixo, guitarras com wah
wah e refrão em coro, com certa influência da black music. O álbum termina com
a bela “The trouble” com vocais femininos envolventes da cantora sueca Lykke Li,
arranjo de cordas e final épico, um belo encerramento para um bom disco.
Apesar dos erros na escolha
da primeira música e forma de divulgação do disco o saldo final de Songs of Innocence
é bem positivo: oito músicas boas e apenas três medianas. Este trabalho é bem
mais interessante que os discos anteriores do U2, aqui a banda traz de volta,
mesmo que discretamente, um pouco daquela pegada da banda dos anos 80, as
letras politizadas e aquela vontade de mudar o mundo, mesmo que seja em uma era
tecnológica e de falta de ideologias.
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