29 de setembro de 2014

Dummy e o estranho mundo do Portishead

Realmente o ano de 1994 musicalmente foi um dos melhores da década de 90, vide a seção do blog “Grandes discos de 94”. Neste mesmo ano surgia uma banda de Bristol, Inglaterra, formada por Georf Barrow, Beth Gibbons e Adrian Utley. Dummy, primeiro disco do Portishead, foi lançado em Outubro de 1994, e redefinia um estilo que estava cada vez mais se destacando, o trip hop.


Formada em 1991 em um dos piores momentos econômicos da Inglaterra, a banda reunia elementos que até então nenhuma outra banda tinha feito com tanta propriedade: Música eletrônica, jazz, hip hop e um toque de filmes Noir. O grupo não chegou a criar o trip hop, pois artistas como Tricky e Massive Attack já faziam este tipo som antes, mas foi o Portishead com seu primeiro disco que conseguiu atingir um público maior, ganhando mais atenção da crítica e do público.

As grandes qualidades do Portishead se devem principalmente pelo “cabeça” da banda, o multi-instrumentista Georf Barrow, com seu grande conhecimento de música eletrônica, além de ser um bom guitarrista e da grande capacidade vocal de Beth Gibbons. Barrow afirma que leva as bases para Gibbons e a voz dela vai se moldando conforme o ritmo da música, como uma espécie de “camaleão” musical. 

A primeira canção do álbum, “Mysterions” tem um clima misterioso e efeitos fantasmagóricos, com grande desempenho vocal de Gibbons e competente guitarra de Barrow. “Sour times” foi o primeiro sucesso do Portishead com seu clima intimista e melancólico com uma guitarra surf de Barrow. A base da música foi feita em cima de uma trilha do filme Missão Impossível.



Em “Strangers”, Beth Gibbons canta notas agudas e graves com a mesma desenvoltura, em cima de uma base eletrônica com elementos de jazz. “It could be sweat” tem um clima doce e triste ao mesmo tempo, enquanto “Wondering star” tem scratches de hip hop, em uma das mais belas do disco. “It´s a fire” (que não aparece na versão do Reino Unido) tem arranjo com cordas e emociona, enquanto “Numb” tem um clima de clube esfumaçado e uma estranha percussão.

“Glory box” foi outro grande sucesso do álbum, com uma base que foi sampleada de uma música de Isaac Hayes, com uma interpretação sofrida de Gibbons, um solo distorcido de guitarra que dá um tom de estranheza e melancolia, com certeza uma das melhores músicas feitas pelo Portishead. “Glory box” sacramentou definitivamente o estilo da banda, surgindo até várias cópias por aí, como a banda Moloko, que fez certo sucesso nos anos 90. Destaque também para o clássico videoclipe da canção.


Dummy ganhou diversos prêmios de melhor disco de 1994 e em 95 ganhou o Mercury Prize, um dos mais importantes da Inglaterra. O Portishead criou neste primeiro trabalho um universo próprio, daqueles tipos de artistas que fazem um som único, como o Cocteau Twins, por exemplo. Um disco que redefiniu e popularizou um estilo e merece todo e qualquer tipo de homenagem.



Um comentário: