3 de novembro de 2014

Grandes discos de 1994: Parklife

Depois do sucesso de seu primeiro disco, Leisure de 1991, o Blur lançou um segundo álbum bem trabalhado, muito influenciado pelo rock inglês dos anos 60, de bandas como o The Kinks. Modern Life is Rubbish foi lançado em 1993 e foi um sucesso de crítica, porém não vendeu o esperado mesmo tendo alguns quase hits, como “Popscene” e “Chemical World”.


A banda viria bem pressionada para a gravação de seu terceiro álbum. A mídia inglesa e o público já não ligavam tanto para o Blur e já tinham seus novos queridinhos: o Suede, com seu Glam Rock bastante influenciado pela androgenia de David Bowie dos anos 70. Para voltar a fazer sucesso, o grupo chamou para a produção um velho conhecido: Stephen Street, que já tinha trabalho com o Blur no primeiro disco deles.

Neste novo projeto a banda resolveu inovar e elaborar os arranjos, com uma sonoridade grandiosa, bem diferente do som simples mais puxado para o shoegazer do primeiro trabalho do grupo, Leisure. Arranjos com cordas, sopros e nas letras crônicas da sociedade inglesa dos anos 90 faziam parte deste ambicioso álbum, que era a cartada final de Damon Albarn e companhia.

Lançado em 25 de abril de 1994, Parklife foi uma coleção de hits e catapultou o Blur de vez para o estrelato. “Girls and boys” música de abertura do disco, tem um clima meio Disco, em uma letra que fala sobre a juventude inglesa e a eterna busca pelo sexo oposto. Com um ritmo dançante e uma linha de baixo muito bem feita, foi um sucesso imediato. “Tracy jacks” tem aquela veia pop que o Blur tem como característica, com boas partes de guitarra de Graham Coxon, um guitarrista limitado, mas extremamente criativo. Percebe-se também na música, ecos de The Jam e The Kinks, bandas que influenciaram bastante o som do Blur. 


“End of century” é uma crônica pessimista, sobre a sociedade inglesa do fim do século, as futilidades e inseguranças da classe média urbana. “Parklife” fala sobre sedentarismo e tem uma letra falada pelo ator Phil Daniels, que participou do filme Quadrophenia, inspirado no clássico disco do The Who. “Bank holyday” é quase um trash metal, um dos poucos momentos mais barulhentos do disco.

“To the end” é uma linda canção, cantada em inglês e com um vocal feminino em francês com efeitos de xilofone e arranjo de cordas. Uma música grandiosa, com uma bela harmonia e refrão. “This is a low” começa lenta e explode em um refrão desesperado, uma das melhores do disco. Mesmo sendo um álbum predominantemente pop, ainda tem espaços para experimentações sonoras como em "The Debt Collector" e "Trouble in the Message Centre".

Com Parklife o Blur chegou ao topo das paradas inglesas e mostrava quem dava as cartas dentro da cena Britpop. Quatro meses depois sairia o disco de estreia do Oasis, Definately Maybe, começando ali uma das maiores rivalidades (mesmo que forçada) do rock inglês. Em comparação com o Oasis e outras bandas inglesas, vemos que o Blur sempre foi uma banda mais ousada, sem medo de arriscar, mesmo não abandonando de vez seu lado pop. Parklife foi o ápice de uma grande era dentro da música jovem inglesa.



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