12 de novembro de 2014

O disco mais vendido do rock brasileiro

Paulo Ricardo, após o insucesso da Aura, banda que tinha montado com o tecladista Luiz Schiavon (o grupo ficou ensaiando por três anos e nunca fez um show) vai para a Inglaterra em 1983, trabalhar como correspondente da revista Somtrês. Paulo e Schiavon se comunicavam por cartas e ali já começavam a planejar um novo projeto musical, mais “antenado” com o que acontecia com o rock no exterior.



A dupla queria fazer um som moderno, grandioso e viram que o rock progressivo que eles faziam na Aura era algo ultrapassado. A new wave e o new romantic com seus sintetizadores e exageros era o que estava rolando na época e era isto que os dois decidiram fazer. Assim que Paulo Ricardo voltou ao Brasil fundou com Schiavon o RPM, com o guitarrista Fernando Deluqui. O baterista Paulo PA só entrou na banda nas gravações de seu primeiro disco, Revoluções Por Minuto de 1985. Leia mais sobre o disco aqui

O álbum Revoluções Por Minuto foi um sucesso estrondoso, tanto que quase todas as canções do disco tocaram na rádio. A banda então começou a investir em uma superprodução para os seus shows, sabendo que o Brasil não tinha tanta tradição neste ramo de grandes espetáculos.

Para a direção deste show, foi chamado Ney Matogrosso, um dos maiores performers do país, que ensinou muito à banda, como por exemplo, ter mais presença de palco. O RPM tinha uma postura muito contida quando tocavam em pequenos clubes e Ney falou que aquilo teria que mudar, eles teriam que se mexer mais no palco, tirarem a camisa, pois aquilo era rock´n roll. A turnê gerou uma verdadeira beatlemania. Muita histeria, fãs querendo invadir os hotéis em que eles ficavam etc.

Ney Matogrosso sugeriu ao RPM que colocassem no repertório do show uma música mais tranquila, um momento para dar uma baixada na bola e a galera cantar junto. Paulo Ricardo sugeriu “London London” de Caetano Veloso, artista que ele admirava muito. A canção fez muito sucesso nos shows e não demorou para alguém levar um gravador e fazer sua própria cópia da música. A versão ao vivo logo caiu nas rádios do país e era executada incessantemente e a gravadora e a banda começaram a perceber que estavam perdendo dinheiro, pois não tinham gravado a canção oficialmente. 



O jeito foi lançar um disco novo. Era estranho, pois o RPM só tinha um LP lançado e já ia lançar um álbum ao vivo. Rádio Pirata Ao Vivo foi gravado em abril de 1986 no Anhembi e o disco lançado em Julho do mesmo ano. O álbum foi um estouro e logo chegou ao topo da listagem de disco mais vendidos. Além da versão de “London London”, ainda trazia um cover da canção “Flores Astrais” do Secos e Molhados.

O disco começa com a urgência de “Revoluções por minuto” e logo em seguida vem “Alvorada voraz”, uma canção inédita que tem uma letra atual até hoje, falando sobre corrupção a situação política do Brasil na época. “A cruz e a espada” é uma balada emotiva, enquanto “Naja” é uma viagem instrumental de Luiz Schiavon. “Olhar 43” e “Estação no inferno” mostram a qualidade das canções do disco Revoluções Por Minuto. A versão de “Flores astrais” tirou toda a beleza e sutileza da canção original, mas sua batida pesada ajudou a levantar o público. Para encerrar este clássico dos anos 80, a canção mais emblemática do RPM, “Rádio pirata”, com uma forçada inserção de “Light my fire” do The Doors no meio da música.

Rádio Pirata Ao Vivo é o disco mais vendido em todos os tempos do rock nacional, foram vendidas mais de Dois milhões e quinhentas mil cópias deste álbum. Depois deste sucesso a banda entrou em colapso e seu disco seguinte, Quatro Coiotes foi considerado um fracasso de vendas, vendendo cerca de Trezentas mil cópias. A banda se separou logo depois e entre idas e vindas voltou de vez em 2011 e segue na estrada até hoje, relembrando um grande momento do rock brasileiro. 



6 comentários:

  1. Acho que o problema aqui foi a exploração até a exaustão da imagem de sex-symbol de Paulo Ricardo e Deluqui. Após o ótimo primeiro disco e esse bom (na minha opinião), segundo disco, a música ficou relegada a um segundo plano. Os, então garotos, deram a impressão de ter dormido sobre o sucesso e esquecido de focar em seu trabalho. Outras bandas que tinham algum destaque foram se solidificando e tomando o lugar de destaque do RPM. Infelizmente hoje é mais uma banda que sobrevive de seus sucessos antigos criados no já distante anos 80.

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  2. O disco 4 coiotes é bem INXS, um disco legal, mas bem inferior ao Revoluções por Minuto.

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    1. Engraçado que o "Quatro Coiotes" se tornou um tanto "cult", e hoje fez muita gente no mínimo reconsiderar o legado do RPM, que acabou sendo prejudicado pela imagem "caricatural" que o Paulo Ricardo adquiriu na carreira solo.

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    2. Os caras se perderam na carreira infelizmente devido às drogas e os egos, mas acho que eles uma banda importante para a história do rock nacional, apesar das indas e vindas.

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  3. Nenhum artista brasileiro alcançou o sucesso do RPM.Tanto prova que a imprensa internacional colocou a banda ao lado dos Beatles como grandes ícones de mega estelato.

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    1. Verdade....pena que o ego e as drogas prejudicaram a carreira da banda....

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