Paulo Ricardo, após o
insucesso da Aura, banda que tinha montado com o tecladista Luiz Schiavon (o
grupo ficou ensaiando por três anos e nunca fez um show) vai para a Inglaterra
em 1983, trabalhar como correspondente da revista Somtrês. Paulo e Schiavon se
comunicavam por cartas e ali já começavam a planejar um novo projeto musical,
mais “antenado” com o que acontecia com o rock no exterior.
A dupla queria fazer um som
moderno, grandioso e viram que o rock progressivo que eles faziam na Aura era
algo ultrapassado. A new wave e o new romantic com seus sintetizadores e
exageros era o que estava rolando na época e era isto que os dois decidiram
fazer. Assim que Paulo Ricardo voltou ao Brasil fundou com Schiavon o RPM, com
o guitarrista Fernando Deluqui. O baterista Paulo PA só entrou na banda nas
gravações de seu primeiro disco, Revoluções Por Minuto de 1985. Leia mais sobre
o disco aqui.
O álbum Revoluções Por
Minuto foi um sucesso estrondoso, tanto que quase todas as canções do disco
tocaram na rádio. A banda então começou a investir em uma superprodução para os
seus shows, sabendo que o Brasil não tinha tanta tradição neste ramo de grandes
espetáculos.
Para a direção deste show,
foi chamado Ney Matogrosso, um dos maiores performers do país, que ensinou
muito à banda, como por exemplo, ter mais presença de palco. O RPM tinha uma
postura muito contida quando tocavam em pequenos clubes e Ney falou que aquilo
teria que mudar, eles teriam que se mexer mais no palco, tirarem a camisa, pois
aquilo era rock´n roll. A turnê gerou uma verdadeira beatlemania. Muita
histeria, fãs querendo invadir os hotéis em que eles ficavam etc.
Ney Matogrosso sugeriu ao
RPM que colocassem no repertório do show uma música mais tranquila, um momento
para dar uma baixada na bola e a galera cantar junto. Paulo Ricardo sugeriu “London
London” de Caetano Veloso, artista que ele admirava muito. A canção fez muito
sucesso nos shows e não demorou para alguém levar um gravador e fazer sua
própria cópia da música. A versão ao vivo logo caiu nas rádios do país e era
executada incessantemente e a gravadora e a banda começaram a perceber que
estavam perdendo dinheiro, pois não tinham gravado a canção oficialmente.
O jeito foi lançar um disco
novo. Era estranho, pois o RPM só tinha um LP lançado e já ia lançar um álbum
ao vivo. Rádio Pirata Ao Vivo foi gravado em abril de 1986 no Anhembi e o disco
lançado em Julho do mesmo ano. O álbum foi um estouro e logo chegou ao topo da
listagem de disco mais vendidos. Além da versão de “London London”, ainda
trazia um cover da canção “Flores Astrais” do Secos e Molhados.
O disco começa com a
urgência de “Revoluções por minuto” e logo em seguida vem “Alvorada voraz”, uma
canção inédita que tem uma letra atual até hoje, falando sobre corrupção a
situação política do Brasil na época. “A cruz e a espada” é uma balada
emotiva, enquanto “Naja” é uma viagem instrumental de Luiz Schiavon. “Olhar
43” e “Estação no inferno” mostram a qualidade das canções do disco Revoluções
Por Minuto. A versão de “Flores astrais” tirou toda a beleza e sutileza da
canção original, mas sua batida pesada ajudou a levantar o público. Para
encerrar este clássico dos anos 80, a canção mais emblemática do RPM, “Rádio
pirata”, com uma forçada inserção de “Light my fire” do The Doors no meio da
música.
Rádio Pirata Ao Vivo é o
disco mais vendido em todos os tempos do rock nacional, foram vendidas mais de
Dois milhões e quinhentas mil cópias deste álbum. Depois deste sucesso a banda
entrou em colapso e seu disco seguinte, Quatro Coiotes foi considerado um
fracasso de vendas, vendendo cerca de Trezentas mil cópias. A banda se
separou logo depois e entre idas e vindas voltou de vez em 2011 e segue na
estrada até hoje, relembrando um grande momento do rock brasileiro.
Acho que o problema aqui foi a exploração até a exaustão da imagem de sex-symbol de Paulo Ricardo e Deluqui. Após o ótimo primeiro disco e esse bom (na minha opinião), segundo disco, a música ficou relegada a um segundo plano. Os, então garotos, deram a impressão de ter dormido sobre o sucesso e esquecido de focar em seu trabalho. Outras bandas que tinham algum destaque foram se solidificando e tomando o lugar de destaque do RPM. Infelizmente hoje é mais uma banda que sobrevive de seus sucessos antigos criados no já distante anos 80.
ResponderExcluirO disco 4 coiotes é bem INXS, um disco legal, mas bem inferior ao Revoluções por Minuto.
ResponderExcluirEngraçado que o "Quatro Coiotes" se tornou um tanto "cult", e hoje fez muita gente no mínimo reconsiderar o legado do RPM, que acabou sendo prejudicado pela imagem "caricatural" que o Paulo Ricardo adquiriu na carreira solo.
ExcluirOs caras se perderam na carreira infelizmente devido às drogas e os egos, mas acho que eles uma banda importante para a história do rock nacional, apesar das indas e vindas.
ExcluirNenhum artista brasileiro alcançou o sucesso do RPM.Tanto prova que a imprensa internacional colocou a banda ao lado dos Beatles como grandes ícones de mega estelato.
ResponderExcluirVerdade....pena que o ego e as drogas prejudicaram a carreira da banda....
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