27 de novembro de 2014

Paul McCartney ao vivo em São Paulo – Um show para lavar a alma

Eram quase dez horas da noite, quando o eterno Beatle entrou no palco da Arena Allianz Parque ontem, embaixo de uma chuva fina. No dia anterior (primeiro dia de show) uma chuva torrencial já tinha caído em São Paulo, algo cada vez mais raro na cidade. Era talvez sinal de que algo especial estaria para acontecer.


A primeira música não poderia ser mais adequada: “Magical mistery tour” do álbum de mesmo nome, lançado em 1967. Era o anúncio que todos ali iriam embarcar em uma viagem mágica. O som começou com alguns problemas, a voz de Paul estava bem baixa, coberta pelo som do público que cantava a música em uníssono.

McCartney exibia a mesma simpatia de sempre, com os textos decorados em português e o script do show anterior, mesmo assim mostrando seu carisma e boa forma apesar de sua avançada idade. Logo em seguida veio “Save us” música que abre seu último disco de estúdio, o ótimo New, lançando em 2013. 

O som foi melhorando aos poucos e logo após tocar “All my loving” dos Beatles e “Listen to what the man said” da época dos Wings, veio a emocionante “Let me roll it”, uma de suas melhores canções solos, do não menos clássico disco Band on The Run de 1973. Com seu riff de guitarra estranho e genial e seu fantástico refrão emocionou o público. “Paperback Writer” foi um momento em que o show pegou fogo em uma versão mais pesada e energética do que a original.

McCartney se dirige ao piano e todos percebem que vem por aí mais momentos intimistas e emocionantes. “My valentine” é dedicada a sua atual esposa e no telão aparece o clipe da música, com os atores Johnny Depp e Natalie Portman descrevendo a letra da música em linguagem de sinais.

Em "Nineteen hundred and Eighty-Five", música que encerra Band on The Run, Paul mostra que sabe balancear seu setlist, colocando esta música mais agitada e certeira no meio de duas baladas. Em “The long and winding road” do disco Let it Be, muitos marmanjos tiveram que se conter para não rolar aquela lágrima no canto do olho (eu inclusive). “Maybe I’m amazed”, outro clássico de sua carreira solo, foi cantada com vigor por Paul, mesmo com as dificuldades vocais impostas pela idade.

O refrão de “We Can Work It Out” levou o público ao delírio, enquanto o set acústico de “And I love her” e “Blackbird” emocionou até os mais durões. O legal era ver a mistura de gerações no show, como por exemplo, do meu lado a filha com a mãe, uma jovem senhora. A mãe pulava e agitava como uma adolescente, enquanto a filha se preocupava com a empolgação excessiva da mãe. Uma cena bonita, que mostra o quão mágico era aquele momento.

A chuva apertava e Paul emendou duas músicas de seu último disco, “New” e “Queenie eye”. A enérgica “All together now” do disco Yellow Submarine fez a galera (palavra que Paul pronunciou em um português macarrônico durante o show) dançar e se encantar com as loucas projeções do telão.

“Lovely rita” e “Being for the Benefit of Mr. Kite” foram as únicas músicas tocadas do disco Sgt. Pepper´s. “Something” foi dedicada ao seu grande amigo George e teve uma breve introdução tocada com um ukelele. “Eleanor rigby” do disco Revolver foi cantada em plenos pulmões, em uma das canções mais bonitas dos Beatles.

Em “Ob-La-Di, Ob-La-Da” virou festa geral, todos dançando e cantando esta música que de tão imbecil, acaba sendo fantástica. Aí meus caros, o setlist pegou fogo de vez e foi uma paulada atrás da outra: “Band on the run”, “Back in the USRR”, “Let it be” (esta, a que mais me emocionou particularmente), “Live and let die” (com direito a show pirotécnico, literalmente colocando fogo no palco) e lógico como não poderia faltar, “Hey Jude”, com todos cantando em uma só voz.

McCartney se despediu com o carisma de sempre antes do primeiro Bis que logo de cara abriu com um dos riffs mais famosos da história em “Day tripper”. “Get back” e “I saw her standing there” fecharam o primeiro bis, levando o público à loucura. No segundo Bis, Paul ainda tinha cartas escondidas na manga e mandou “Yesterday”, “Helter skelter”, para quebrar tudo, no primeiro rock pesado feito na história e para encerrar com chave de ouro, a clássica sequência do final do antológico disco Abbey Road, “Golden slumbers”, “Carry that weight” e “The end”. Um final apoteótico para um show inesquecível.

O público saiu satisfeito e extasiado após ouvir quase trinta músicas dos Beatles e mais outros clássicos do bom e velho Paul. McCartney demonstrou porque é o maior compositor vivo da música contemporânea e que está em ótima forma. Alguns poderiam dizer que ele só não fez chover, mas até isto ele conseguiu. Um show para lavar a alma, literalmente. 





Setlist:

1- Magical Mystery Tour
2- Save Us
3- All My Loving
4- Listen to What the Man Said
5- Let Me Roll It
6- Paperback Writer
7- My Valentine
8- Nineteen Hundred and Eighty-Five
9- The Long and Winding Road
10- Maybe I’m Amazed
11- I’ve Just Seen a Face
12- We Can Work It Out
13- Another Day
14- And I Love Her
15- Blackbird
16- Here Today
17- New
18- Queenie Eye
19- Lady Madonna
20- All Together Now
21- Lovely Rita
22- Everybody Out There
23- Eleanor Rigby
24- Being for the Benefit of Mr. Kite!
25- Something
26- Ob-La-Di, Ob-La-Da
27- Band on the Run
28- Back in the U.S.S.R.
29- Let It Be
30- Live and Let Die
31- Hey Jude

Bis
32- Day Tripper
33- Get Back
34- I Saw Her Standing There

Bis
35- Yesterday
36- Helter Skelter
37- Golden Slumbers
38 - Carry That Weight
39 - The End

Nenhum comentário:

Postar um comentário