Em 2004, Morrissey já estava
há sete anos sem gravar um disco de estúdio, seu último trabalho até então
tinha sido Maladjusted de 1997. Cansado da perseguição de mídia inglesa, Moz
decidiu ir morar nos Estados Unidos, em Hollywood no final dos anos noventa.
A maioria apostava que a
carreira do cantor estava acabada, mas em 2004 Morrissey finalmente quebrou o
silêncio e lançou o disco que iria trazer de volta um dos artistas mais importantes
e controversos da Inglaterra. You Are The Quarry teve uma ótima recepção de
crítica e de público e se tornou um dos maiores sucessos da carreira do
ex-vocalista do Smiths.
A capa do disco já dizia que
Moz não estava para brincadeira em sua volta. Com uma metralhadora giratória em
suas mãos, como um verdadeiro gângster, o cantor elegia seus maiores desafetos
e com letras irônicas e com muito sarcasmo criticava os Estados Unidos, os
artistas pop descartáveis, a monarquia inglesa (para variar) entre outros.
Como banda de apoio,
Morrissey contou com velhos companheiros, os guitarristas Alain Whyte e Boz
Boorer, além do baixista Gary Day, o baterista Dean Butterworth e o tecladista Roger
Manning. O álbum foi produzido por Jerry Finn e lançado em 17 de maio de 2004
pela gravadora Attack Records.
Na primeira música, “America
is not the world”, Moz faz uma crítica feroz aos Estados Unidos e ao governo
Bush: “Estados Unidos / Sua arrogância é enorme / Porque, Estados Unidos / Sua
barriga é grande demais / E eu te amo / E só espero que você fique onde está”.
“Irish blood, English heart”
foi o primeiro single do álbum, na letra Morrissey fala de sua ascendência Irlandesa
e critica a monarquia inglesa e os regimes totalitários: “Eu sonho com um tempo
em que / Os ingleses estejam enjoados dos Trabalhistas e dos Conservadores / E
cuspam sobre o nome de Oliver Cromwell / E condenem esta linhagem real / que
ainda o saúda / E o saudará para sempre”.
Morrissey sempre teve
títulos de músicas fantásticos, mas em “I have forgiven Jesus” (Eu perdoei
Jesus), o cantor exagerou na dose. Na letra o velho Moz perdoa Jesus por ter
dado tanto desejo a ele, sem que ele pudesse usar este desejo com alguém,
afinal o cantor sempre falou sobre solidão desde sua fase no Smiths.
“I´m not sorry” é uma canção
linda, em que o cantor fala que não se arrepende de nada e que não está em
busca de ninguém e ainda reclama que a mulher (ou homem?) dos sonhos dele nunca
apareceu. "The World is Full of Crashing Bores" fala como o mundo está
cheio de gente chata e inútil, criticando também os artistas pop descartáveis: “Este
mundo está cheio / Completamente cheio de gente muito chata / E eu devo ser um
/ Porque nunca ninguém se vira para mim e diz / Me tome em seus braços / Me
tome em seus braços /E me ame.... Não, são apenas mais pop
stars de boca fechada / Mais substanciosos que merda de porco / Nada a
transmitir / Eles têm tanto medo de mostrar inteligência / Isso poderia embaçar
suas adoráveis carreiras”.
"First of the Gang to
Die" foi outro single de sucesso do
álbum, com uma letra que fala sobre um personagem de uma gangue que acaba
morrendo heroicamente. “Let me kiss you” é uma das músicas mais bonitas lançadas
pelo cantor, tanto que figura em seu Setlist até hoje. “All the lazy dikes” ou “Todas
as sapatonas preguiçosas” é outro título que entra para a galeria de melhores
da carreira de Moz.
You Are The Quarry foi um
sucesso e recolocou Morrissey no topo das paradas inglesas, transformando o
cantor em um dos poucos artistas a ficarem em primeiro lugar nas paradas em
três décadas diferentes. Com arranjos bem elaborados e Moz cantado bem como
sempre, o disco marcou o retorno de um dos artistas mais emblemáticos de todos
os tempos. Morrissey comentou pouco antes de lançar o disco que se fosse para alguém
ser Morrissey, que fosse ele mesmo. Um dos melhores trabalhos solos do cantor,
sem dúvida.
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