2 de julho de 2014

You Are The Quarry – A ressurreição de Morrissey

Em 2004, Morrissey já estava há sete anos sem gravar um disco de estúdio, seu último trabalho até então tinha sido Maladjusted de 1997. Cansado da perseguição de mídia inglesa, Moz decidiu ir morar nos Estados Unidos, em Hollywood no final dos anos noventa.


A maioria apostava que a carreira do cantor estava acabada, mas em 2004 Morrissey finalmente quebrou o silêncio e lançou o disco que iria trazer de volta um dos artistas mais importantes e controversos da Inglaterra. You Are The Quarry teve uma ótima recepção de crítica e de público e se tornou um dos maiores sucessos da carreira do ex-vocalista do Smiths.

A capa do disco já dizia que Moz não estava para brincadeira em sua volta. Com uma metralhadora giratória em suas mãos, como um verdadeiro gângster, o cantor elegia seus maiores desafetos e com letras irônicas e com muito sarcasmo criticava os Estados Unidos, os artistas pop descartáveis, a monarquia inglesa (para variar) entre outros.

Como banda de apoio, Morrissey contou com velhos companheiros, os guitarristas Alain Whyte e Boz Boorer, além do baixista Gary Day, o baterista Dean Butterworth e o tecladista Roger Manning. O álbum foi produzido por Jerry Finn e lançado em 17 de maio de 2004 pela gravadora Attack Records.

Na primeira música, “America is not the world”, Moz faz uma crítica feroz aos Estados Unidos e ao governo Bush: “Estados Unidos / Sua arrogância é enorme / Porque, Estados Unidos / Sua barriga é grande demais / E eu te amo / E só espero que você fique onde está”.

“Irish blood, English heart” foi o primeiro single do álbum, na letra Morrissey fala de sua ascendência Irlandesa e critica a monarquia inglesa e os regimes totalitários: “Eu sonho com um tempo em que / Os ingleses estejam enjoados dos Trabalhistas e dos Conservadores / E cuspam sobre o nome de Oliver Cromwell / E condenem esta linhagem real / que ainda o saúda / E o saudará para sempre”. 



Morrissey sempre teve títulos de músicas fantásticos, mas em “I have forgiven Jesus” (Eu perdoei Jesus), o cantor exagerou na dose. Na letra o velho Moz perdoa Jesus por ter dado tanto desejo a ele, sem que ele pudesse usar este desejo com alguém, afinal o cantor sempre falou sobre solidão desde sua fase no Smiths.



“I´m not sorry” é uma canção linda, em que o cantor fala que não se arrepende de nada e que não está em busca de ninguém e ainda reclama que a mulher (ou homem?) dos sonhos dele nunca apareceu. "The World is Full of Crashing Bores" fala como o mundo está cheio de gente chata e inútil, criticando também os artistas pop descartáveis: “Este mundo está cheio / Completamente cheio de gente muito chata / E eu devo ser um / Porque nunca ninguém se vira para mim e diz / Me tome em seus braços / Me tome em seus braços /E me ame.... Não, são apenas mais pop stars de boca fechada / Mais substanciosos que merda de porco / Nada a transmitir / Eles têm tanto medo de mostrar inteligência / Isso poderia embaçar suas adoráveis carreiras”.

"First of the Gang to Die"  foi outro single de sucesso do álbum, com uma letra que fala sobre um personagem de uma gangue que acaba morrendo heroicamente. “Let me kiss you” é uma das músicas mais bonitas lançadas pelo cantor, tanto que figura em seu Setlist até hoje. “All the lazy dikes” ou “Todas as sapatonas preguiçosas” é outro título que entra para a galeria de melhores da carreira de Moz.



You Are The Quarry foi um sucesso e recolocou Morrissey no topo das paradas inglesas, transformando o cantor em um dos poucos artistas a ficarem em primeiro lugar nas paradas em três décadas diferentes. Com arranjos bem elaborados e Moz cantado bem como sempre, o disco marcou o retorno de um dos artistas mais emblemáticos de todos os tempos. Morrissey comentou pouco antes de lançar o disco que se fosse para alguém ser Morrissey, que fosse ele mesmo. Um dos melhores trabalhos solos do cantor, sem dúvida.







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