Semana passada morreu o
último integrante da formação original do Ramones que ainda estava vivo, o
baterista Tommy Ramone. Um dos fundadores do grupo participou dos três primeiros
discos da banda e posteriormente virou produtor e produziu alguns discos do
próprio Ramones.
O rock nos anos setenta
estava cada vez mais se distanciando de suas raízes. Havia o rock pomposo de
bandas como o Led Zeppelin e o rock progressivo do Pink Floyd, com canções
longas e cheias de solos e firulas. Se você quisesse ter uma banda de rock teria
que entrar em um reformatório e passar horas estudando e tocando guitarra para
tocar músicas destas bandas.
Quando a banda foi formada os
integrantes do Ramones tinham dificuldade de tocar covers e então decidiram
fazer logo de cara suas próprias composições. Músicas simples com poucos
acordes, bastante influenciadas pelas raízes do rock, principalmente a surf
music e o rockabilly feito nos anos 50. O som feito pelo grupo se tornou então
a base do que seria chamado de punk rock alguns anos depois.
Em 1977 o Ramones lançou seu
melhor trabalho: Rocket to Russia. Produzido pelo baterista Tommy Ramone e por Tony
Bongiovi (primo do “cantor” Bon Jovi), Rocket to Russia é praticamente um
Greatest Hits da banda, com muitas músicas que se tornaram clássicas e que
seriam dali em diante obrigatórias nas apresentações ao vivo. Este disco foi
último trabalho de estúdio com Tommy Ramone nas baquetas.
O disco começa com a
incendiária “Cretin hop”, com as principais características do Ramones, poucos
acordes, muita energia. O som minimalista é contagiante deixando o ouvinte com
vontade de dançar, assim como o rock nas suas origens nos anos 50. “Rockaway
beach” é outro clássico, que inicia com o tradicional “One, Two, Three, Four”
que consagrou a banda.
“Here today,gone tomorrow”
é mais lenta e mostra a veia melódica do grupo. O Ramones mesmo sendo uma banda
punk, nunca abriu mão dos refrões e melodias assoviáveis, o vocalista Joey
Ramone sempre foi muito fã dos Beatles e a influência é evidente nesta canção
ramonica. Quando ouvimos “I don't care”, percebemos de onde Renato Russo tirou
os acordes para a clássica canção da Legião Urbana, “Que país é este?”. Não dá
nem para disfarçar a cópia.
“Sheena is a punk rocker” é
um dos maiores sucessos do quarteto, um ritmo contagiante e refrão para cantar
junto. “We're a happy family” tem uma letra irônica e se encaixa a história dos
Ramones, pois o grupo tinha esta identidade de família ou gangue, dos
integrantes terem o mesmo sobrenome e o mesmo visual. “Teenage lobotomy” é
outro hino ramonico, falando sobre a alienação adolescente.
“Do you wanna dance?” é o
primeiro cover do disco, do cantor Bob Freeman. Muito mais energética que a versão de Freeman, se torna um daqueles casos em que o cover fica melhor que o original.
“I wanna be well” e “I can´t give you anything”, mantém o pique e a energia do
disco, com ritmo acelerado e que dá vontade de dançar.
“Ramona” foi regravada pelo
Raimundos, outra banda brasileira que tem muita influência do Ramones. “Surfin´bird”
é uma versão de uma canção da surf music e é uma das mais divertidas do grupo, outro exemplo de música que ficou melhor do que o original.
Rocket to Russia é um disco
obrigatório para aqueles que querem entender sobre o punk rock e das origens do
rock. Um disco que influenciou muita gente e mostrou que para fazer rock n´roll
não são necessários muitos solos e firulas e que o rock na sua essência é algo
simples e feito para divertir. Obrigado Ramones.
Você está completamente certo. O melhor disco da melhor banda de punk rock. Rocket to Russia é uma verdadeira obra-prima.
ResponderExcluirAbraço.
Janerson, o Ramones trouxe de volta as raízes do rock, em uma época que o rock progressivo imperava, esta é a grande virtude deles. Janerson tenho uma banda de rock talvez você goste dê uma ouvida se puder: https://soundcloud.com/diaeterno
ExcluirAbraço!