O Soundgarden começou no
final de 1993 a gravar seu quarto de álbum, no estúdio Bad Animals em Seattle.
A banda tinha chegado a um relativo sucesso com o disco anterior,
Badmotorfinger, que tinha grandes músicas como “Ousthined” e “Rusty cage”, mas
em comparação com outras bandas de Seattle, como Nirvana e Pearl Jam, não tinha
um disco que chegasse ao topo das paradas como Nevermind e Ten.
Superunknown foi lançado em
março de 1994 e foi produzido por Michael Beinhorn e mixado por Adam Kasper e o
produtor do Pearl Jam, Brendan O’Brien. A capa do disco é uma foto distorcida
da banda sobre uma imagem de ponta cabeça de uma floresta pegando fogo. A
sonoridade do disco é um avanço ao rock feito nos discos anteriores, as músicas
estão mais trabalhadas e com arranjos mais variados do que Badmotorfinger.
A banda sempre foi a mais
puxada para o metal, comparada com as outras de Seattle. O guitarrista Kim
Thayl nunca escondeu em seus poderosos riffs as influências de Black Sabbath e
Led Zeppelin. Outra grande qualidade do Soundgarden foi sempre a voz potente e
limpa de Cris Cornell, que conseguia agudos que vocalistas como Kurt Cobain e
Eddie Vedder obviamente não conseguiam alcançar.
“Let me drown” abre o disco
com um riff poderoso e um instrumental muito conciso e bem trabalhado, com um
refrão matador que ganha muita força com o vocal de Cornell. “My wave” é talvez
o momento mais descontraído (ou menos denso) do disco. “Fell on black days”
mostra que o Soundgarden também pode desacelerar um pouco e fazer uma música
menos pesada sem perder a qualidade e impacto.
“Mailman” é um rock
arrastado e de clima denso, bem característico da banda. “Superunknown” mostra
toda a capacidade vocal de Cris Cornell e “Head down” é cantada pelo baixista
Ben Shepard, sendo a música bem diferente das demais com um clima meio
oriental. Outra música composta e cantada pelo baixista é “Half” um das últimas
do disco.
“Black hole sun” é o até
hoje o maior sucesso do Soundgarden. A introdução e arranjo de guitarras são
fantásticos enquanto a letra fala sobre uma espécie de apocalipse causado por
um buraco negro do sol. O videoclipe da música também marcou época e ganhou
diversos prêmios na MTV. “Spoonman” é sobre um artista de rua que fazia
percussão com colheres, sendo que na música o próprio artista faz um solo ao
fundo com suas colheres.
“The day I tried to live”
particularmente é a minha preferida do disco. Lembro-me até hoje quando via o
clipe me preparando para ir à escola. Bons tempos do rock dos anos 90. O álbum
ainda tem ótimos momentos, como no rock rápido e direto de “Kickstand”, em “4th
of July” e na épica “Like Suicide”. Superunknown tem mais de 70 minutos de
música, mas a qualidade das músicas não torna o disco “arrastado”. Destaque
também para a produção de Michael Beinhorn, que usou muitos overdubs, o
que contribuiu em muito para mostrar melhor a força do som do Soundgarden.
Superunknown é o melhor e
mais bem sucedido disco do Soungarden. Mostra uma banda em seu melhor momento
artístico, no ápice de sua técnica e criatividade. Uma banda com grandes
instrumentistas, mas que não utilizam de sua habilidade para fazer firulas ou
virtuosismos desnecessários. Cris Cornell com sua voz fora do comum, Kim Thayl
com seus riffs fantásticos (e sua expressão séria e sem nunca mostrar algum
tipo de sentimento), o competente baixista Ben Shepard e o ótimo baterista Matt
Cameron (que hoje toca também no Pearl Jam) criaram um álbum que é um dos
melhores dos anos 90.
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