O rock atual está infestado
por bandas indies “coxinhas” que fazem um som bem comercial travestido de
música alternativa. Bandas como Arcade Fire, que fazem um rock de arena, mas se
dizem alternativos só para agradar o público em geral. Na maioria destas bandas
falta aquela pegada, aquele “punch” que o rock antigamente costumava ter.
Algumas bandas acabam
resgatando então esta pegada de fases anteriores do rock. Este é o caso da
Savages, um quarteto inglês só de garotas, que tem como integrantes a vocalista
Jehnny Beth, a guitarrista Gemma Thompson, a baixista Ayse Hassan e a baterista
Fay Milton. Impossível ouvir a banda e não associar o som a grupos do pós-punk
como Siouxsie and the Banshees e Joy Division, principalmente pela voz de Jehnny e
as linhas de baixo marcantes de Ayse Hassen.
A primeira vez que ouvi
falar da banda foi quando o jornalista André Barcinski comentou sobre o show
delas no Lollapalooza do Chile deste ano, falando sobre como eram sexys e boas
de palco. Confesso que quando vi um clipe da banda não achei nada de sexy ali,
mas vendo depois o show delas pela tv no Brasil vi que realmente a vocalista é
mesmo sexy mesmo com aquele visual Ian Curtis dela. Aliás, o show delas no
Lollapalooza Brasil foi um dos melhores do festival, com muito vigor e com um
rock muito bem tocado.
Ano passado saiu o primeiro
disco da banda, Silence Yourself. Neste trabalho de estreia o grupo mostra um
rock com bastante distorção, baixo pulsante e bateria furiosa. As letras também
são boas e passam longe do feminismo panfletário que se espera de uma banda
atual que só tenha mulheres com visual forte e andrógeno. Com forte apelo
visual, o Savages mostra uma banda feminina que não precisa apelar para
vulgaridade para se destacar, outra qualidade a ser valorizada nesta banda.
A música de abertura “Shut up”
já mostra logo de cara as principais características da banda, uma guitarra
nervosa, linha de baixo muito bem marcada, bateria forte e a interpretação
segura da vocalista Jehnny Beth. As distorções da boa guitarrista Gemma
Thompson dão tom nas músicas seguintes, como em “I am here” e “City´s Full”. Os
belo riffs de “Strife” e “She will” (riff que lembra mais bandas do rock
alternativo americano como Sonic Youth e Mudhoney), também se destacam neste
disco.
A banda também acerta quando
desacelera um pouco como em “Waiting for a sign” e na bela música de
encerramento “Marshall dear”. Na instrumental “Dead nature” podemos perceber que
o grupo também ouviu muito Bauhaus em sua formação musical. A temática do disco
também é interessante, o nome do disco (traduzindo: Silencie-se) mostra a ideia
do ser humano voltar mais a si mesmo, olhar e refletir sobre suas atitudes.
As meninas do Savages se
sairiam muito bem neste primeiro disco, com um rock pulsante e direto,
mostrando serem boas instrumentistas. Um rock não muito original, que remete a
várias influências oitentistas, mas com mais acertos do que erros. Uma banda
com muito mais testosterona do que muita banda por aí que só tem marmanjos.
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