Após o estrondoso sucesso do
disco Tommy, uma ópera rock que conta a história de um garoto cego, surdo e
mudo que vira um campeão de Pinball (o enredo é bem mais complexo que isto, só
para resumir) os ingleses do The Who, capitaneados pelo guitarrista e cérebro
da banda Pete Townshend embarcaram em outro projeto audacioso: Lifehouse era
outro projeto conceitual, em que consistia em um concerto ao vivo que os
ouvintes teriam seus dados pessoais transferidos para um sintetizador análogo
para criar músicas continuas que se complementavam.
Towshend ainda queria
transformar este projeto maluco em um filme. Vendo que era inviável fazer Lifehouse,
Pete se desentendeu com o produtor Kit Lambert e entrou em uma crise existencial
e entrou em um colapso depressivo. Como Lifehouse foi compreendido apenas pelo
seu criador, o jeito era começar do zero um novo trabalho, que teria que
suceder Tommy, um dos melhores discos de todos os tempos.
A banda voltou à Inglaterra
e começou a gravar as bases do novo disco no estúdio de Glyn Johns. Era uma
época de grandes avanços tecnológicos nos estúdios e o The Who aproveitou muito
bem esta fase e usou pela primeira vez a técnica da “parede de som” e o uso de
sintetizadores, que desagradaram um pouco os fãs mais antigos do grupo, mas que
mostraram uma grande inovação dentro do cenário do rock daquela época.
A capa do disco foi uma
paródia ao filme 2001: Uma Odisseia no Espaço, mostrando a banda como se
tivesse acabado de urinar em um bloco de concreto gigante. A capa já
demonstrava a ambição e busca de grandiosidade no som do novo álbum. Outra ideia
para a capa era a foto do baterista Keith Moon vestido com um espartilho e
segurando um chicote, ideia que (ainda bem) foi descartada no final pela banda.
Who´s Next foi lançado em 2 de agosto de 1971 e se tornou o disco mais vendido
da banda em toda sua carreira.
Who´s Next é uma coleção de
canções fortes e poderosas. A faixa de abertura “Baba O´Riley” (nome tirado da
junção dos nomes do guru de Townshend, Meher Baba e do compositor Terry Riley)
tem uma estrutura simples com três acordes, mas cresce com o peso da guitarra
de Pete e da bateria cheia de viradas espetaculares de Keith Moon e ainda conta
com um som hipnótico de sintetizador na introdução e no final ainda tem um belíssimo
solo de violino. Logo de cara já podemos ver um disco ambicioso e muito bem
produzido.
O disco ainda tem muitos momentos
fantásticos como a forte “Bargain”, as contagiantes “Getting in tune” e “Going mobile”,
as emocionantes baladas “Behind blue eyes” e “The song is over” e a divertida “My
wife”, composta pelo excelente baixista John Entwistle. Para encerrar, o hard
rock “arrasa quarteirão” de “Won't Get Fooled Again” uma canção monstruosa que
mostra toda força do The Who, principalmente nas apresentações ao vivo.
A versão remasterizada ainda
conta com algumas canções que participariam do furado projeto Lifehouse,
músicas também excelentes como “Pure and Easy”. Em Who´s Next, o The Who teve
que provar para si mesmo que não precisava fazer um disco conceitual, que
contasse necessariamente uma história, como o álbum Tommy. Lançar um grande
disco após fazer um clássico é para poucos, e só bandas fantásticas como o The
Who conseguem vencer esta missão. Um disco essencial para qualquer ouvinte de
rock que se preze.
Nenhum comentário:
Postar um comentário