A banda Nine Inch Nails (na
verdade composta somente por Trent Reznor e músicos de apoio) já tinha dois
discos lançados em 1994, Pretty Hate Machine de 1989 e o EP Broken de 1992. Era
o momento para o líder e faz tudo da banda, Trent Reznor, criar um álbum
ambicioso e conceitual, usando os elementos que dominava muito bem, rock
industrial e música eletrônica.
Para a gravação do disco,
Reznor se isolou na famosa mansão em que ocorreu um dos maiores crimes da
história, quando Charles Manson planejou e seus seguidores mataram várias
pessoas, entre elas, a atriz Sharon Tate, que era esposa do diretor Roman Polanski.
Nas paredes foi escrita com sangue das vítimas a palavra Pigs (Porcos). O clima
tenso e fantasmagórico da casa acabou influenciando a sonoridade caótica e
raivosa do disco.
Para a produção, Reznor
contou com Flood, que trabalhou com bandas como U2 e Smashing Pumpkins. O
conceito do disco é talvez um relato autobiográfico de Trent Reznor, o
personagem central passa por diversos estados psíquicos e questiona a religião,
o amor e a vida em geral, mostrando um estado de autodestruição, provavelmente causados
pelo uso de drogas pesadas.
As canções caóticas, com
baterias estrondosas e guitarras enfurecidas, logo caíram nas graças da
juventude norte-americana, que estava órfã de um de seus maiores ícones de
rebeldia na época, Kurt Cobain havia se matado em abril daquele ano. O mundo perturbador
criado por Reznor pode ser muito bem percebidos nas letras fortes e
depressivas, que questionam até a existência de Deus, como na música “Heresy”: “Deus
está morto / E ninguém se importa / Se existe um inferno / Eu verei você lá”.
“March of the pigs” é uma música
essencial no setlist da banda até hoje. Uma canção que altera momentos de fúria
e calmaria ganhou um videoclipe de uma tomada só que passava bastante na MTV na época,
um vídeo simples que tem a banda tocando em um fundo branco, mas que mostra
toda a revolta e pegada do som do Nine Inch Nails.
“Closer” é a melhor música
da banda e ganhou um videoclipe sensacional, um dos melhores feitos na década de
90. O vídeo teve várias imagens censuradas, pois mostrava várias cenas
perturbadoras de sadomasoquismo, horror e símbolos religiosos. Dirigido por
Mark Romanek, ganhou diversos prêmios. A canção ainda tem um dos refrões mais
fortes do rock alternativo “Eu quero foder você como um animal”.
A obsessão pela palavra “Pig” no disco, pode ter sido influenciada pelos assassinatos comandados por Charles
Manson, apesar disto ser desmentido por Trent Reznor. “Hurt” foi outro grande
sucesso do álbum, música que encerra o conceito do disco, em que o personagem
desabafa, em uma letra triste e confessional. A canção foi regravada em 2003
por Johnny Cash e foi o seu epitáfio, seu último videoclipe antes de morrer e
também foi dirigido por Mark Romanek.
Anos depois do sucesso do
disco, dois garotos invadiram uma escola em 1999, mataram diversas pessoas e
cometeram suicídio, episódio que ficou conhecido como o Massacre de Columbine.
Logo depois foi divulgado que os dois garotos disseram anteriormente que foram influenciados
pelo álbum The Downward Spiral e suas letras para planejarem o crime. Este fato
fez com que a mídia e alguns movimentos conservadores se revoltassem contra a
banda de Reznor e também com Marylin Manson, que também teve suas músicas
citadas como influência para os garotos.
The Downward Spiral foi
aclamado pela crítica e pelo público, sendo um dos melhores discos dos anos 90
e o melhor trabalho do Nine Inch Nails até hoje. A mistura bem equilibrada de
peso e música eletrônica e o desespero e raiva expressadas por Trent Reznor
resultaram em um álbum que preenchia um vazio na juventude norte americana, que
se mostrava frustrada e sem perspectivas em meados dos anos 90.
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