28 de agosto de 2014

Innuendo – O último disco do Queen

A década de oitenta foi de altos e baixos para o Queen. Já consagrados com discos clássicos nos anos 70 como A Night At The Opera e Sheer Heart Atack, a banda enveredou por caminhos estranhos, sonoridades mais pop, não se dando muito bem em algumas vezes, como no disco Hot Space de 1982, considerado o pior trabalho do grupo.


O disco The Miracle de 1989 fez sucesso, puxado pelo hit “I want it all”. A banda entrou em estúdio em 1990 para a gravação de um novo trabalho, com intenções de fazer um rock mais próximo ao que fazia nos anos 70. Para a produção, foi recrutado David Richards, que coproduziu o álbum junto com os integrantes do Queen.

Os rumores sobre o estado de saúde de Freddie Mercury eram preocupantes, muito se especulava que ele era portador do vírus da AIDS. Mercury desmentia tais informações e trabalhou duro junto com Brian May, John Deacon e Roger Taylor, para gravar o maior número de músicas possíveis, de certa forma prevendo que talvez não tivesse mais muito tempo de vida.

Innuendo (em português “insinuação”) é o décimo quarto disco de estúdio do Queen e foi lançado em fevereiro de 1991. O álbum teve um atraso em seu lançamento devido ao ritmo mais lento de sua gravação, devido aos problemas de saúde de Freddie Mercury. O trabalho trazia aquilo que o Queen sabia fazer de melhor: Grandes rocks de arena, com interpretações fortes de Mercury, intercaladas com baladas emocionantes e tristes.

A canção que abre o disco, “Innuendo”, começa com as qualidades que consagraram a banda, um rock forte para ser cantado a plenos pulmões em estádios. No meio da música há uma mudança rítmica, com guitarras espanholas e um ritmo flamenco, tocado com maestria por Steve Howe, ex-guitarrista do grupo Yes. “I'm going slightly mad" tem uns teclados meio Depeche Mode, enquanto “Headlong” é um daqueles “rockões” que a banda costumava fazer com maestria nos anos 70, com grandes solos e riffs de Brian May. 




"I can't live with you" é uma canção de amor com aqueles corais clássicos dos refrões do Queen. "Don't Try So Hard" é uma das músicas mais bonitas e tristes da banda, com uma interpretação de Mercury que nos dá a impressão que sua voz vai se despedaçar a qualquer momento. Em "These are the days of our lives", uma música nostálgica e melancólica, Freddie Mercury aparece frágil, tanto no videoclipe quanto na música. 

"Delilah" é a mais fraca do disco, parece ser uma homenagem à gata de estimação de Mercury, tanto que a canção tem alguns miados constrangedores. O hard rock poderoso de “The hitman” faz o ouvinte querer balançar a cabeleira e fazer “air guitar” como todo grande roqueiro deve fazer. “Bijou” tem uma guitarra matadora de Brian May e emociona até os mais durões. 

“The show must go on” encerra o álbum e a carreira discográfica do Queen com maestria e emoção. Uma das melhores composições feitas no rock em todos os tempos com uma letra que fala que a vida deve continuar, mesmo com todas as decepções e perdas: “O show deve continuar / Por dentro meu coração está se partindo / Minha maquiagem pode estar dissolvendo / Mas meu sorriso continua”. Um belo encerramento para um grande álbum.




Freddie Mercury faleceu em novembro de 1991 e Innuendo acabou sendo o último disco de estúdio da banda. O Queen ainda lançou em 1995 o disco póstumo Made in Heaven, com músicas que ficaram fora dos discos anteriores. Innuendo era o Queen em sua força máxima, mesmo sabendo de alguma forma que era uma espécie de despedida.

Ao contrário de artistas como Cazuza e Renato Russo que em seus últimos discos demostravam estar muito debilitados fisicamente, isto não é percebido tão nitidamente em Innuendo. Freddie Mercury era um artista tão forte que nem a doença o impediu de fazer um grande trabalho. 





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