A década de oitenta foi de
altos e baixos para o Queen. Já consagrados com discos clássicos nos anos 70 como
A Night At The Opera e Sheer Heart Atack, a banda enveredou por caminhos
estranhos, sonoridades mais pop, não se dando muito bem em algumas vezes, como
no disco Hot Space de 1982, considerado o pior trabalho do grupo.
O disco The Miracle de 1989
fez sucesso, puxado pelo hit “I want it all”. A banda entrou em estúdio em 1990
para a gravação de um novo trabalho, com intenções de fazer um rock mais
próximo ao que fazia nos anos 70. Para a produção, foi recrutado David
Richards, que coproduziu o álbum junto com os integrantes do Queen.
Os rumores sobre o estado de
saúde de Freddie Mercury eram preocupantes, muito se especulava que ele era
portador do vírus da AIDS. Mercury desmentia tais informações e trabalhou duro
junto com Brian May, John Deacon e Roger Taylor, para gravar o maior número de
músicas possíveis, de certa forma prevendo que talvez não tivesse mais muito
tempo de vida.
Innuendo (em português
“insinuação”) é o décimo quarto disco de estúdio do Queen e foi lançado em
fevereiro de 1991. O álbum teve um atraso em seu lançamento devido ao ritmo
mais lento de sua gravação, devido aos problemas de saúde de Freddie Mercury. O
trabalho trazia aquilo que o Queen sabia fazer de melhor: Grandes rocks de
arena, com interpretações fortes de Mercury, intercaladas com baladas
emocionantes e tristes.
A canção que abre o disco,
“Innuendo”, começa com as qualidades que consagraram a banda, um rock forte
para ser cantado a plenos pulmões em estádios. No meio da música há uma mudança
rítmica, com guitarras espanholas e um ritmo flamenco, tocado com maestria por
Steve Howe, ex-guitarrista do grupo Yes. “I'm going slightly mad" tem uns
teclados meio Depeche Mode, enquanto “Headlong” é um daqueles “rockões” que a
banda costumava fazer com maestria nos anos 70, com grandes solos e riffs de
Brian May.
"I can't live with you"
é uma canção de amor com aqueles corais clássicos dos refrões do Queen. "Don't
Try So Hard" é uma das músicas mais bonitas e tristes da banda, com uma interpretação
de Mercury que nos dá a impressão que sua voz vai se despedaçar a qualquer
momento. Em "These are the days of our lives", uma música nostálgica e melancólica, Freddie Mercury aparece frágil, tanto no videoclipe quanto na música.
"Delilah" é a mais
fraca do disco, parece ser uma homenagem à gata de estimação de Mercury, tanto
que a canção tem alguns miados constrangedores. O hard rock poderoso de “The
hitman” faz o ouvinte querer balançar a cabeleira e fazer “air guitar” como
todo grande roqueiro deve fazer. “Bijou” tem uma guitarra matadora de Brian May
e emociona até os mais durões.
“The show must go on”
encerra o álbum e a carreira discográfica do Queen com maestria e emoção. Uma
das melhores composições feitas no rock em todos os tempos com uma letra que
fala que a vida deve continuar, mesmo com todas as decepções e perdas: “O show
deve continuar / Por dentro meu coração está se partindo / Minha maquiagem pode
estar dissolvendo / Mas meu sorriso continua”. Um belo encerramento para um
grande álbum.
Freddie Mercury faleceu em
novembro de 1991 e Innuendo acabou sendo o último disco de estúdio da banda. O
Queen ainda lançou em 1995 o disco póstumo Made in Heaven, com músicas que
ficaram fora dos discos anteriores. Innuendo era o Queen em sua força máxima,
mesmo sabendo de alguma forma que era uma espécie de despedida.
Ao contrário de artistas
como Cazuza e Renato Russo que em seus últimos discos demostravam estar muito
debilitados fisicamente, isto não é percebido tão nitidamente em Innuendo.
Freddie Mercury era um artista tão forte que nem a doença o impediu de fazer um
grande trabalho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário