26 de junho de 2014

Band on the Run - O melhor disco solo de Paul McCartney

Em 1973 Paul McCartney já tinha lançado alguns álbuns solos, porém nenhum deles tinha chegado perto do sucesso dos discos gravados com os Beatles. O single de “Live and let die”, trilha sonora do filme de James Bond foi o mais próximo que Paul chegou aos seus êxitos anteriores com o Fab Four.


Em 1971, Paul McCartney formou a banda The Wings, que era uma espécie de banda de apoio sua, que contava com sua mulher, Linda McCartney nos teclados, Denny Laine nas guitarras, o baterista Denny Seiwell e o guitarrista solo Henry McCulloch. Com esta formação McCartney e sua trupe lançaram os discos Wild Life de 1971 e Red Rose Speedway em 1973, ambos com certo sucesso comercial e uma fraca receptividade da crítica.

Cansados de gravar em estúdios da Inglaterra, Linda e Paul pediram para a gravadora mostrar várias opções de estúdio ao redor do mundo, para que escolhesses um lugar diferente para gravar o novo álbum. O lugar escolhido foi Lagos, na Nigéria. Os dois procuravam um lugar exótico para que lhes inspirassem na gravação deste novo trabalho. 

Antes de irem para a viagem para a Nigéria o Wings teve duas baixas: O guitarrista Henry McCulloch e o baterista Denny Seiwell deixaram a banda. Foram para a Nigéria somente o núcleo da banda, Paul, Linda e Denny Laine, acompanhados com o engenheiro de som dos Beatles, Geoff Emerick. Chegando à Nigéria encontram um estúdio com equipamentos obsoletos, a mesa de controle estava com defeito e havia apenas uma máquina “one tape”, uma Struder de oito canais.

A situação de Lagos era bem diferente do lugar paradisíaco que os integrantes remanescentes do Wings esperavam encontrar. A Nigéria era governada por militares que chegaram ao poder através de um Golpe de Estado. Miséria, violência, doenças e muita corrupção faziam parte de um cenário nem um pouco receptivo.

Para compensar a falta dos outros integrantes, Paul tocou bateria e guitarra solo (além do baixo, é claro) separadamente, enquanto Laine tocava a guitarra rítmica e Linda gravava os teclados. A banda revezava as gravações com passeios turísticos e mesmo sendo desaconselhados a saírem à noite, resolveram fazer um passeio. Linda e McCartney foram assaltados e ameaçados com uma faca. Seus pertences foram roubados, entre eles alguns cassetes que continham as demos que acabavam de serem gravadas.

Outros incidentes aconteceram durante a gravação do disco: McCartney desmaiou um dia no meio das gravações e o artista e ativista político africano, Fela Kuti, acusou a banda de estar lá para roubar ideias da música africana. Paul teve que chamá-lo no estúdio e mostras as músicas para Kuti ver que elas não tinham nada a ver com a música africana. 


O baterista da banda Cream, Ginger Baker, convidou McCartney para ir gravar no ARC Estudio, na Escócia. Lá foi gravada a música “Picasso last words” com a participação de Baker na percussão. Terminada a gravação do disco, a banda terminou a parte final no estúdio de George Martin, colocando os overdubs e orquestração nas faixas.

O disco Band on the Run foi finalmente lançado em dezembro de 1973. Na capa do disco aparecem, além de Linda e Paul, alguns personagens ilustres, com se estivessem em fuga, como por exemplo, o ator Cristopher Lee e o boxeador John Conteh. O disco demorou um pouco para emplacar, mas chegou ao topo da parada americana da Billboard, graças aos hits “Band on the run” e “Jet”.

O disco abre com a música título, uma suíte com várias mudanças de ritmo, que lembra um pouco algumas das músicas super produzidas do disco Abbey Road. Com seu refrão contagiante, se tornou um dos maiores clássicos da carreira da Paul. “Jet” é outra grande música com muito apelo pop, com corinhos e guitarras que ficam na cabeça. 



A sutileza da “Bluebird” com uma deliciosa percussão torna a música uma espécie de “prima” de “Blackbird” do álbum branco dos Beatles. “Mrs. Vandelbilt” é outra música contagiante, com seu coro “Ho, hey ho”, um dos melhores momentos da carreira de McCartney, que ainda a inclui em seus shows.



“Let me roll it” tem um riff de guitarra estranho, mas conquistador e um tom meio desesperado. O álbum ainda tem grandes momentos como “Mamunia”, "Picasso's Last Words (Drink To Me)", terminando com a épica “Nineteen Hundred and Eighty-Five". Band on the Run foi o melhor momento da carreira solo de McCartney, mostrando que o sonho não tinha acabado ainda.



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