A cantora Pitty surgiu em
2003 com o bom disco de estreia, Admirável Chip Novo, com um rock pesado e
energético, boas letras e cantando bem, sem as tradicionais desafinações que
permeiam o rock brasileiro nos últimos tempos. Depois veio Anacrônico de 2005,
o variado Chiaroescuro de 2009 e ainda deu tempo de lançar um trabalho paralelo
com o guitarrista Martin, o disco Agridoce, com som mais sutil e acústico, com algumas
experimentações que não cabiam em seu trabalho solo.
Pitty chega agora ao seu
quarto álbum de estúdio, Sete Vidas, que foi gravado com todo mundo tocando
junto no estúdio e produzido por Rafael Ramos. Um dos poucos expoentes do rock
brasileiro atual, a cantora vem com a responsabilidade de criar algo que
agregue a sua discografia, tendo que agradar os fãs e claro, conseguir
equilibrar tudo isto com o sucesso comercial que toda gravadora cobra de cada
artista.
A sonoridade do novo
trabalho é o Stoner Rock feito por bandas como Queens of the Stone Age.
Percebe-se também um pouco de influência do trabalho de Rita Lee em sua fase
mais roqueira, principalmente na forma de cantar de Pitty. “Pouco” abre o disco
com um riff pesado, com uma letra existencialista, explodindo no final com um
vocal gritado. “Deixa ela entrar” também é boa, com bastante peso e uma boa
letra.
“Pequena morte” começa bem,
com baixo distorcido, mas vai ficando confusa durante sua execução e tem uma
letra menos inspirada, falando sobre relacionamento. “Um leão” se destaca, com
uma batida quebrada, um bom riff de guitarra combinando com o refrão. “Lado de
lá” foi feita em homenagem ao ex-guitarrista e amigo de Pitty, Peu, que cometeu
suicídio ano passado, e também a Lou Reed, que morreu também ano passado.
Começa com piano, com uma letra emocional, mas decai um pouco na parte em que é
cantada por um coro, ficando um pouco piegas nesta parte.
“Olhar calmo” é a melhor
música do disco. Uma melodia forte, bem pesada com boas guitarras e uma letra
que pode ser interpretada como uma mensagem ao ex-baixista Joe, que saiu da
banda recentemente. “Boca aberta” também é muito boa, com uma letra bem
irônica. “A massa” também é meio Queens of the Stone Age, com uma letra que faz
analogia em entre a massa de bolo e a massa enquanto população. “Setevidas”
é a primeira música de trabalho, fala sobre morte e tem um refrão pegajoso.
“Serpente” é outra bela música, com uma percussão regional no começo e um coro
interessante, que fica na cabeça.
Em Sete Vidas, Pitty mostra
um trabalho que teve bastante influência de episódios tristes de sua vida, como
a morte de um ex-integrante de sua banda e também de seu trabalho solo anterior,
Agridoce, que pode fazer a cantora arriscar novas sonoridades em seu
tradicional rock. Com este novo disco, Pitty mostra que é um dos poucos
artistas nacionais dentro do rock atual com alguma relevância e que tem coragem de
arriscar um pouco mais, com um resultado bem interessante.
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