A banda inglesa The Smiths
entrou em estúdio em 1985 para gravar seu segundo disco, com objetivo de fazer
um álbum que soasse um pouco diferente de seu disco de estreia de 1984. O grupo
queria novas sonoridades e um som que captasse melhor o que a banda reproduzia
nos shows.
As concepções ideológicas de
Morrissey,
letrista e vocalista da banda, ficaram ainda mais explícitas neste trabalho. A
começar pela capa, a foto de um soldado vietnamita, já causava um impacto que
Morrissey gostava de deixar em seus trabalhos e neste disco ele vem mais afiado
e contundente em suas ideologias e letras.
Em “Headmaster ritual” (O
ritual do diretor), Morrissey fala sobre os abusos físicos sofridos na escola
em que estudou na infância, como nos trechos: “O professor golpeia você nos
joelhos / Dá uma joelhada na sua virilha / Cotovelada no seu rosto / Hematomas
maiores que pratos de jantar” ou “Ele me agarra e devora / Me bate nos chuveiros
/ Me bate nos chuveiros / E me agarra e devora”. Uma das letras mais contundentes
de Moz.
Em "Rusholme
Ruffians", o Smiths pega emprestada (para não dizer copia) a base rítmica
da música “His latest flame” de Elvis Presley. A banda não colocou os créditos
no disco e curiosamente não sofreu nenhum tipo de processo, mas fez sua
homenagem ao autor em seu disco ao vivo "Rank", no qual quando é tocada esta
música, Morrissey canta a letra original da canção de Elvis.
"That Joke Isn't Funny
Anymore" fala sobre alguém que está provocando Morrissey, como uma espécie
de bullying, em uma música que tem um clima tenso e emocionante: “Quando você ri
de pessoas / Que se sentem tão sozinhas / Que o seu único desejo é morrer” e “Mas
esta piada não tem mais graça / É muito familiar / E é muito doloroso”.
“How soon is now” foi
incluída apenas na versão em cd do disco, não fazendo parte do lançamento
original. Mesmo um pouco fora do contexto do álbum, é uma música fantástica que
só acrescenta a este clássico dos Smiths. As críticas à família real também não
poderiam faltar e estão presentes em “Nowhere fast”: “Eu gostaria de baixar
minhas calças para a rainha / Qualquer criança sensível saberá o que isso
significa / Os pobres e necessitados / São mesquinhos e gananciosos no ponto de
vista dela”.
“Barbarism beggins at home”
tem uma linha de baixo fantástica feita por Andy Rourke num estilo mais “funky”
com uma letra que critica a violência doméstica. Para encerrar o disco, a tensa
“Meat is murder”, que critica o consumo de carne, afirmando que carne é
assassinato: “E a carne que você distraidamente frita / Não é suculenta,
saborosa ou algo do tipo / É morte sem razão / E morte sem razão é assassinato”.
O guitarrista Johnny Marr
também é outro destaque deste álbum. Um dos maiores guitarristas de todos os
tempos, neste trabalho ele mostra versatilidade, seja nos arpejos hipnóticos de
“Headmaster ritual”, no rockabilly de "Rusholme Ruffians", nas
porradas de “What she said” e “Nowhere fast”, nos efeitos de guitarra de “How
soon is now” e na funkeada “Barbarism beggins at home”.
Com Meat is Murder, o The
Smiths se consolidou como uma das melhores bandas de sua geração e foi o único
disco do grupo a ficar em primeiro lugar da parada britânica. Um trabalho que
só não é mais reconhecido porque logo em seguida o Smiths lançou um disco ainda
mais clássico: "The Queen is Dead".
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