George Harrison sempre foi
considerado o Beatle quieto. Enquanto Lennon era o rebelde e McCartney era o
perfeccionista, Harrison era o contraponto, o lado místico e espiritual do Fab
Four. Guitarrista de extremo talento e sensibilidade foi conquistando seu
espaço aos poucos, “comendo pelas beiradas”, em meio à parceria que dominava
quase cem por cento das composições de Lennon e McCartney.
A primeira contribuição de
Harrison como compositor em um disco de estúdio dos Beatles foi a música "Don't
Bother Me” do álbum With The Beatles de 1963. Foi no álbum Revolver de 1966,
que George finalmente se destacou como compositor e se sobressaiu nas três
músicas que compôs: “Taxman”, “Love you to” e “I want to tell you”.
Em 1965 Harrison começou a
se interessar pela cultura Hindu e foi com sua mulher na época, Patty Boyd para
a Índia. Lá começou a se interessar pela música indiana e aprendeu a tocar
instrumentos típicos como tabla e cítara, com grande influência do músico Ravi
Shankar. Não demorou muito para Harrison introduzir estes novos elementos na
música dos Beatles.
Na música “Norwegian wood”
do disco Rubber Soul, foi utilizada a cítara como novo elemento ao som da
banda. O uso deste
instrumento se repetiu em “Love you to” e “Within you without you” do disco Sgt
Pepper´s Lonely Heart Club Band. Harrison com seu talento e
inventividade sempre trazia algo que enriquecia o som dos Beatles, sempre com
algum solo ou estilo inovador.
Outra grande contribuição de
George foi no disco Magical Mystery Tour de 1967 com a música “Blue jay way”,
uma canção muito psicodélica, feita no auge das experiências lisérgicas dos
Beatles. Harrison dá o tom perfeito a esta música, criando um clima etéreo e
misterioso que Lennon e McCartney não conseguiriam fazer com a mesma maestria.
No álbum branco de 1968,
Harrison compõe aquela que talvez seja a minha música favorita dele: “While my
guitar gently weeps”. Uma canção fantástica que mostra todo o dom de George em
fazer grandes músicas e ainda contou com os solos do grande amigo Eric Clapton.
Ainda faltava um grande hit
de Harrison dentro da carreira dos quatro garotos de Liverpool. “Something” do
disco Abbey Road de 1969, foi um sucesso estrondoso, eleita uma das melhores
músicas de amor de todos os tempos e uma das canções mais regravadas da
história. “Here comes the sun” do mesmo álbum também foi um grande sucesso e
consolidou de vez Harrison como grande compositor e finalmente delimitou a
importância de George na carreira dos Beatles.
Após o traumático fim dos
Beatles, construiu uma bela carreira solo, que teve início com dois álbuns experimentais,
Wonderwall Music de 1968 e Eletronic Sound de 1970. All Things Must Pass de
1970 foi a redenção de Harrison, um disco triplo, repleto de grandes canções e
que tem a melhor música religiosa de todos os tempos: “My sweet Lord”. Uma
canção ecumênica que prega a esperança e a fé. Harrison teve alguns problemas
com esta canção apesar de seu grande sucesso, leia a história aqui.
Em 1971, Harrison organizou
o primeiro concerto beneficente da história do rock, o The Concert for Bangladesh
em prol dos refugiados de Bangladesh. Além de George, o show teve a
participação de Eric Clapton, Ravi Shankar, Bob Dylan entre outros. O único dos
outros Beatles que participou do concerto foi Ringo Starr. McCartney não foi,
pois achava que era muito cedo para se reunir novamente com os outros Beatles e
Lennon não quis participar, pois sua baranga quer dizer, mulher, Yoko Ono não
foi convidada por Harrison.
George ainda lançou mais de
dez discos solos, foi produtor musical e de cinema e ainda era muito fã de
Fórmula 1. Harrison acabou ficando com câncer terminal e foi embora em paz em
29 de novembro de 2001. Terminava ali a presença física do eterno Beatle, mas
sua música e sua alma estarão sempre presentes.
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