13 de fevereiro de 2015

Quando o Metallica chutou o balde de vez

É muito comum a crítica e o público cobrarem uma inovação no som das bandas e artistas. Sempre que alguém lança um disco é aquela velha história: fulano não inovou, tal banda continua na mesma e etc. Mas quando uma banda resolve fazer uma mudança radical, aí é que o bicho pega: viram traidores do movimento, vendidos, lixo comercial entre outros adjetivos não muito lisonjeadores.


O Metallica já era uma banda consagrada em 1991 dentro do trash metal. Tinha gravado discos clássicos dentro do estilo como Kill Em´ All de 1983 e Master Of Puppets de 1986. O grupo influenciou muita gente e fez a cabeça de muitos headbangers, graças ao som frenético e os solos rápidos de Kirk Hammet. No disco And Justice For All, o grupo já começava a flertar com novas sonoridades, vide a música mais conhecida do disco, “One”, que tinha um pouco de rock progressivo, com variações rítmicas e guitarras muito bem trabalhadas.

Em 1991 a banda se juntou com o produtor Bob Rock e lançou seu disco de maior sucesso o chamado “Black Album”. O disco vendeu milhões de cópias e teve sucessos como “Enter Sandman”, “The unforgiven”, e “Nothing else matters”. Alguns fãs das antigas já começavam a torcer o nariz, falando que o disco tinha muitas baladas, que o Metallica estava abandonando o metal, entre outras coisas.

Depois de cinco anos sem lançar o disco novo eis que surge o novo trabalho do Metallica em 1996: Load. Lembro-me muito bem do “bafafá” que foi quando eles apareceram de cabelos cortados, com roupas mais fashion e com uma sonoridade mais leve e alternativa. Os headbangers mais xiitas começaram a chamá-los de traidores do movimento, vendidos, bando de bichas entre outras coisas. Muitos jogaram seus discos da banda fora e não se conformaram com aquela transformação. Que grande besteira!


Apesar destas críticas o disco vendeu bem e teve sucessos como “Until it Sleeps”, “Hero of the day” e “Mama said”. A banda estava pouco se lixando e estava fazendo aquilo que achava melhor naquele momento de sua carreira. Em 1997 saiu a continuação, o álbum Reload, que teve a música “The memory remains” com participação de Marianne Faithfull e outros sucessos como “Fuel” e “The unforgiven II”.


Em 1998 ainda lançaram um disco só de covers, homenageando seus grandes heróis musicais, como Queen, Misfits, Thin Lizzy entre outros. Em 1999 gravou com uma orquestra sinfônica e mais uma vez inovou. Só em 2003 voltaram ao peso com o propositalmente tosco Saint Anger. Mesmo assim muitos reclamaram da sonoridade podre e a falta de solos rápidos nas músicas. Difícil agradar o público do metal, não é mesmo?


O Metallica segue na ativa e mostra que desde sempre foi uma banda de atitude que teve coragem para inovar e mesmo assim respeitando os fãs antigos, tocando os clássicos em seus shows e mantendo uma bela carreira, que pode ter tido seus deslizes, mas nunca pecou pela falta de ousadia.


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