29 de agosto de 2018

Doze Flores Amarelas – A audaciosa Ópera Rock do Titãs

Em abril deste ano o Titãs lançou seu décimo quinto disco de estúdio, intitulado “Doze Flores Amarelas”, uma Ópera Rock que trata de assuntos espinhosos como o assédio sexual, estupro, drogas e aborto. Ao vivo a Ópera Rock é encenada pela banda em um espetáculo multimídia que mistura teatro, cinema e música. Para fazer esta obra a banda contou com o apoio do escritor Marcelo Rubens Paiva e do diretor de teatro Hugo Passolo, na direção do espetáculo e roteiro.


O Titãs atualmente conta com apenas três integrantes de sua formação original: Tony Bellotto, Branco Mello e Sérgio Britto. Ajudaram também neste projeto além dos músicos de apoio Beto Lee (guitarra) e Mário Fabre (bateria), as cantoras Corina Sabbas, Cyntia Mendes e Yás Werneck. A história do disco gira em torno de três mulheres (Maria A, Maria B e Maria C) que vão a uma festa que conheceram através de um aplicativo, são violentadas e no final se vingam dos estupradores. Na encenação da Ópera Rock as Marias são interpretadas pelas três cantoras. Rita Lee narra a abertura dos três atos no disco.

Eu particularmente nunca fui muito fã de Operas Rock, discos como “Tommy” do The Who e “The Wall” do Pink Floyd nunca me empolgaram muito, apesar de sua importância dentro da história do rock. O disco do Titãs, que ainda não saiu em CD, está disponível somente nas plataformas de streaming e tem três atos, com um total de 29 faixas. No primeiro ato as três Marias descobrem uma festa através de um aplicativo e são estupradas por cinco rapazes, no segundo ato ocorrem os desdobramentos e consequências da violência sexual sofrida por cada uma delas e no último ato elas se vingam dos abusadores.



Musicalmente falando, as faixas transitam pelo ska, pelo pós-punk e também por canções mais leves ao piano com arranjos de corda de Jaques Morelenbaum. Destaque para as faixas "Nada nos Basta", "Disney Drugs", "Eu Sou Maria",  "Canção da Vingança" (Primeira faixa da discografia do Titãs com Tony Bellotto nos vocais), "Mesmo Assim", "Ele Morreu" e "É Você". Há também momentos menos inspirados como as dispensáveis canções “Personal Hater” e “O Jardineiro”.

Quanto ao espetáculo, ainda não tive oportunidade de assistir, mas algumas críticas foram feitas em relação ao intervalo entre as músicas e pelo fato das três cantoras que interpretam as Marias que foram abusadas na história, aparecerem de forma secundária no palco, atrás dos integrantes do Titãs. Outras críticas foram feitas, pelo fato de ser uma obra sobre abuso sexual sofrido por mulheres, feita por uma ótica masculina, algumas pessoas acham que isso é uma grande “forçação” de barra.

O disco em si é bem feito e bem produzido, porém escutar vinte e nove faixas em sequência em tempos de streaming é um pouco demais, se o álbum tivesse umas dez músicas a menos, conseguiria ser mais conciso e interessante para o ouvinte. O que vale mesmo é a coragem da banda em lançar um projeto tão ousado. O Titãs poderia muito bem lançar mais um disco acústico resgatando sucessos antigos, mas preferiu sair do lugar comum e fazer uma Ópera Rock, algo praticamente inédito no Brasil. Ponto para a banda, que sempre buscou novos rumos musicais em toda sua carreira.



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