Ontem em São Paulo, aconteceu
mais uma edição do Festival Cultura Inglesa, no Memorial da América Latina. O
Festival teve como atrações os ingleses do The Strypes, a “cantora” de
tecnobrega Gaby Amarantos e a atração principal, claro, foi o ex-guitarrista do
Smiths, Johnny Marr.
Não cheguei a assistir ao
show do Strypes, que parece ser uma banda interessante, mas peguei a parte
final da performance de Amarantos, que destruiu clássicos dos anos 80, como “Sweet
dreams” do Eurythmics, “Blue Monday” do New Order e “Suedehead” do Morrissey,
em versões tecnobregas, com a voz forçada de Amarantos. Que tal ano que vem
chamarem uma banda de rock nova brasileira para participar, para dar uma força
ao combalido rock nacional? Fica a dica.
Pontualmente às 19 horas, o
lendário guitarrista do Smiths entrou no palco e abriu o show com “Playland”,
faixa de seu bom segundo disco solo, de mesmo nome, lançado em 2014. O som
estava bem equalizado e apesar da recepção um pouco fria da plateia, que estava
mais interessada em ouvir canções do Smiths, já demonstrava que seria um grande
show e que ainda é um dos melhores guitarristas em atividade.
O público se animou um pouco
mais com a primeira canção do Smiths que foi tocada, “Panic”. Marr tocou
fielmente ao arranjo original e ainda mostrou que canta muito bem, nesta canção
que pertence ao disco Louder Than Bombs de 1987. O show foi pegando força
gradualmente com a sequência “The right thing right” de seu primeiro disco
solo, The Messenger, de 2013 e a dançante “Easy money” de seu segundo disco.
Apesar da falta de interesse
da maioria do público com as músicas de seu trabalho solo, Marr demonstrou que
as canções são de muita qualidade, principalmente ao vivo, graças a sua boa
banda de apoio e é claro, aos belos arranjos de guitarra de Marr. Depois de “25
hours” e “New town velocity” veio o segundo clássico do Smiths na noite. A
guitarra hipnótica de “Headmaster ritual” me levou ao delírio, em uma das
minhas canções preferidas da banda, que tem uma letra que fala sobre uma pessoa que sofre abusos em uma escola.
Em “Bigmouth strikes again”
o público parece ter acordado de vez, cantando junto um dos maiores clássicos
do Smiths, tocado com emoção e fidelidade ao original por Marr. “Getting away
with it”, canção do Eletronic, projeto que Johnny participou no começo dos anos
90 com Bernard Sumner do New Order também emocionou bastante, relembrando uma
grande fase do pop rock mundial.
Para encerrar o show antes
do bis, a bela e emocionante, “There´s a light that never goes out”, cantado em
uníssono pelo público, nesta canção que pertence ao clássico disco The Queen is
Dead de 1986. Marr e sua banda saíram do palco já com o público na mão, a
espera de mais canções do Smiths.
Logo na volta para o Bis,
Marr mandou “Stop if you think that you´ve heard this one before” para levantar
o público de vez, nesta música que fez parte do último disco de estúdio do
Smiths, Strangeways Here We Come de 1987. Depois veio “Upstars” de seu primeiro
disco solo e uma sensacional cover de “I feel you” do Depeche Mode. Para
encerrar com maestria, a tão esperada “How soon is now” com sua letra
emocionante que fala de solidão e timidez , que ganha muita força graças aos
efeitos de guitarra usados por Marr, em uma das canções mais emblemáticas dos
anos 80.
Com este show, Johnny Marr
mostrou porque é um dos artistas mais influentes e importantes do rock mundial.
Se Morrissey sempre foi o coração do Smiths, Marr sempre foi a alma, com suas
melodias e harmonias perfeitas e sua competente guitarra. Um artista que não
vive apenas do passado e mostra que tem novas canções muito consistentes e que
ainda vai produzir muita música de qualidade.
Setlist:
Playland
Panic
(The Smiths song)
The Right Thing Right
Easy Money
25 Hours
New Town Velocity
The Headmaster Ritual
(The Smiths song)
Back in the Box
The Messenger
Generate! Generate!
Bigmouth Strikes Again
(The Smiths song)
Candidate
Getting Away with It
(Electronic song)
There Is a Light That Never Goes Out
(The Smiths song)
Encore:
Stop Me If You Think You've Heard This One Before
(The Smiths song)
Upstarts
I Feel You
(Depeche Mode cover)
How Soon Is Now?
(The Smiths song)
Muito bom o texto. E olha que eu quase não fui ao show por não esperar grande coisa. Felizmente eu estava enganado.
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