7 de abril de 2015

Clássicos do Grunge – Dirt

Após o bem sucedido disco de estreia, Facelift, que contém o maior clássico da banda, “Man on the box”, o Alice in Chains chegou ao estúdio em 1992 com a dura missão de fazer um álbum ainda melhor e com agravante de lidar com o vício em heroína do vocalista Layne Staley, que morreria de overdose em 2002. 


Em 1992 o chamado Movimento Grunge já estava no auge e o diretor de cinema Cameron Crowe resolveu fazer um filme que tivesse como pano de fundo aquela geração de bandas de rock de Seattle. O Alice in Chains mandou uma demo com dez músicas para o diretor escolher qual canção entraria na trilha do filme Singles (“Vida de Solteiro” no Brasil). “Would” foi a escolhida e foi feito um clipe para a canção com cenas do longa metragem. O sucesso da trilha sonora (que era bem mais interessante que o filme) e a participação da banda em uma das cenas alavancaram a popularidade do grupo e deixaram os fãs do rock de Seattle ansiosos pelo lançamento do novo disco do Alice in Chains.



Dirt, segundo disco da banda foi lançado em 29 de setembro de 1992 e é considerado o melhor trabalho de estúdio do grupo. O álbum começa logo com uma “pedrada”: “Them bones” tem um riff de guitarra potente de Jerry Cantrell com o vocal marcante de Layne Staley e ainda é usada até hoje para abrir os shows do Alice in Chains. “Dam that river” é outro rock potente com um refrão explosivo, enquanto “Rain when I die” abusa dos wah wahs e tem um tom mais dramático. 

“Down in a hole” é uma das músicas mais tristes e ao mesmo tempo mais bonitas do Alice in Chains. “Sickman” fala sobre abuso de drogas, enquanto “Rooster” é sobre as memórias do pai de Jerry Cantrell, que combateu na Guerra do Vietnã, tanto que no clipe logo no começo aparece Jerry falando com seu pai sobre a guerra. As três músicas seguintes, “Junkhead”, “Dirt” e “God Smack” são uma espécie de “Trilogia da Heroína”, falando sobre o vício de Staley e como ele tentava lutar para se livrar deste problema.


“Iron gland” é uma brincadeira feita a partir do riff inicial da música “Iron man” do Black Sabbath e tem a participação do vocalista do Slayer, Tom Araya. A banda deve ter colocado esta vinheta para quebrar um pouco o clima tenso do disco. “Angry chair” tem um riff simples (aliás, um dos primeiros que eu aprendi a tocar na guitarra) e aquela sonoridade soturna característica da banda. Para encerrar, a melhor canção do álbum: “Would” foi inspirada no vocalista do Mother Love Bone (que era a antiga banda dos integrantes do Pearl Jam, exceto Eddie Vedder) Andrew Wood, que morreu de overdose de heroína em 1990.

Dirt vendeu mais de cinco milhões de cópias e catapultou de vez o Alice in Chains ao estrelato. Um disco que mostra uma banda no auge com ótimos instrumentistas e um grande vocalista. Após a morte de Layne Staley a banda seguiu com um novo cantor, William Duvall e surpreendeu a todos, lançando dois bons discos, Black Gives Way To Blue de 2009 e The Devil Puts Dinossaurs Here de 2013 e fazendo shows em que tocam grande parte das músicas do álbum Dirt, um dos melhores discos dos anos noventa, sem dúvida. 



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