Após o bem sucedido disco de
estreia, Facelift, que contém o maior clássico da banda, “Man on the box”, o
Alice in Chains chegou ao estúdio em 1992 com a dura missão de fazer um álbum
ainda melhor e com agravante de lidar com o vício em heroína do vocalista Layne
Staley, que morreria de overdose em 2002.
Em 1992 o chamado Movimento
Grunge já estava no auge e o diretor de cinema Cameron Crowe resolveu fazer um
filme que tivesse como pano de fundo aquela geração de bandas de rock de Seattle.
O Alice in Chains mandou uma demo com dez músicas para o diretor escolher qual
canção entraria na trilha do filme Singles (“Vida de Solteiro” no Brasil). “Would”
foi a escolhida e foi feito um clipe para a canção com cenas do longa metragem.
O sucesso da trilha sonora (que era bem mais interessante que o filme) e a
participação da banda em uma das cenas alavancaram a popularidade do grupo e
deixaram os fãs do rock de Seattle ansiosos pelo lançamento do novo disco do
Alice in Chains.
Dirt, segundo disco da banda
foi lançado em 29 de setembro de 1992 e é considerado o melhor trabalho de
estúdio do grupo. O álbum começa logo com uma “pedrada”: “Them bones” tem um
riff de guitarra potente de Jerry Cantrell com o vocal marcante de Layne Staley
e ainda é usada até hoje para abrir os shows do Alice in Chains. “Dam that
river” é outro rock potente com um refrão explosivo, enquanto “Rain when I die”
abusa dos wah wahs e tem um tom mais dramático.
“Down in a hole” é uma das
músicas mais tristes e ao mesmo tempo mais bonitas do Alice in Chains. “Sickman”
fala sobre abuso de drogas, enquanto “Rooster” é sobre as memórias do pai de
Jerry Cantrell, que combateu na Guerra do Vietnã, tanto que no clipe logo no
começo aparece Jerry falando com seu pai sobre a guerra. As três músicas
seguintes, “Junkhead”, “Dirt” e “God Smack” são uma espécie de “Trilogia da
Heroína”, falando sobre o vício de Staley e como ele tentava lutar para se
livrar deste problema.
“Iron gland” é uma
brincadeira feita a partir do riff inicial da música “Iron man” do Black
Sabbath e tem a participação do vocalista do Slayer, Tom Araya. A banda deve
ter colocado esta vinheta para quebrar um pouco o clima tenso do disco. “Angry
chair” tem um riff simples (aliás, um dos primeiros que eu aprendi a tocar na
guitarra) e aquela sonoridade soturna característica da banda. Para encerrar, a melhor canção do álbum: “Would” foi inspirada no vocalista do Mother
Love Bone (que era a antiga banda dos integrantes do Pearl Jam, exceto Eddie
Vedder) Andrew Wood, que morreu de overdose de heroína em 1990.
Dirt vendeu mais de cinco
milhões de cópias e catapultou de vez o Alice in Chains ao estrelato. Um disco
que mostra uma banda no auge com ótimos instrumentistas e um grande vocalista.
Após a morte de Layne Staley a banda seguiu com um novo cantor, William Duvall
e surpreendeu a todos, lançando dois bons discos, Black Gives Way To Blue de
2009 e The Devil Puts Dinossaurs Here de 2013 e fazendo shows em que tocam
grande parte das músicas do álbum Dirt, um dos melhores discos dos anos
noventa, sem dúvida.
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