13 de novembro de 2013

Revolver - Quando os Beatles mergulharam de vez na psicodelia

Em 1966 os Beatles lançavam seu sétimo disco, Revolver. Gravado no lendário estúdio Abbey Road, a banda buscava com este álbum fazer algo totalmente diferente do que tinha feito antes. Se o disco anterior, Rubber Soul, apontava para novos caminhos na carreira do Fab Four, com Revolver a banda abandonou de vez a fase “Iê iê iê”, para entrar na fase mais experimental de sua carreira.


A capa do disco foi feita pelo alemão Klaus Voorman, amigo da banda desde os tempos em que eles tocavam em Hamburgo. Trata-se de uma ilustração feita com desenhos e colagens de fotos tiradas pelo fotógrafo Robert Whitaker. Esta capa é uma das mais belas da discografia dos Beatles, junto com a histórica capa de Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band.


O disco abre com a música “Taxman”, cantada por George Harrison. A letra da música fala sobre os impostos abusivos cobrados na Inglaterra naquela época. Logo no início da música, já percebemos algumas inovações na gravação do disco, pois começa tocando os instrumentos de um lado da caixa de som e depois entrando os vocais do outro lado da caixa, separadamente. “Taxman” tem uma base rítmica que foi muito imitada por outras bandas, como por exemplo, em “Start!” da banda inglesa The Jam e pela banda brasileira Ira! em “Longe de tudo”.



“Eleanor rigby” teve inspiração em seu nome em um túmulo que ficava em um cemitério perto da onde a antiga banda de John Lennon, The Quarrymen costumava se apresentar. Com seu arranjo orquestrado, cheio de violinos e cordas e sua letra triste e comovente é um dos momentos mais belos do álbum. “I’m only sleeping” já demonstra a influência das viagens lisérgicas da banda em seu som. Cantada por John Lennon, no solo tem um efeito de som de guitarra invertido, mais uma inovação feita pelos Beatles, antecipando o que seria feito anos depois por artistas como Jimi Hendrix.

“Love you to” é outra música de Harrison, que mostra as influências da música indiana, graças ao uso de cítara e tabla. A canção ainda conta com uma distorção de guitarra ao fundo do refrão, muito surpreendente para os padrões da época. Em Revolver percebe-se um crescimento na participação de George nas composições do grupo, tanto que ele canta em mais outras duas músicas do disco, um número considerável em comparação aos discos anteriores. Harrison demonstrava neste álbum que era tão talentoso quanto Lennon e McCartney.



“Yellow Submarine”, cantada por Ringo Star convida o ouvinte a uma viagem, ao mundo da fantasia dos Beatles, uma viagem psicodélica e musical ao mesmo tempo. A canção ainda tem alguns efeitos de estúdio como som de bolhas, água e instrumentos de sopro.

Em “She said she said” no trecho da letra, segundo diz a lenda, que diz: "I know what it's like to be dead" ("Eu sei como é estar morto"), seria uma frase dita pelo ator Peter Fonda após tomar ácido. George Harrison tocou baixo nela, pois Paul McCartney brigou com Lennon durante as gravações da música. A canção também foge do padrão de compasso 4/4 para 3/4, algo que seria usado por John posteriormente em outras músicas com “All you need is Love” e “Happiness is a warm gun”.

“Good day sunshine" é uma típica música de McCartney, com seu arranjo complexo e seu tom alegre, cantada com acompanhamento de piano. “And your bird can sing” com suas guitarras dobradas e o vocal melodioso cantado por Paul e John é a base do estilo que mais tarde seria conhecido como Power Pop.



“Doctor Robert” é sobre um médico que receitava anfetaminas para pacientes famosos, enquanto “Got to get you into my life" fala sobre a experiência de McCartney com a maconha. Tempos depois ele assumiu que a sonoridade da música teve muito da influência da música negra feita na gravadora Motown.

"Tomorrow never knows" foi inspirada no livro de Timothy Leary, "O Livro Tibetano da Morte". A utilização de loop de bateria na canção antecipou o que iria ser feito na música eletrônica muitos anos depois, tanto que foi usada pela dupla Chemical Brothers em uma de suas músicas. O jeito de cantar de Lennon junto com o experimentalismo e clima viajante da canção tornou uma das bases do rock psicodélico feito a partir de então.

Com o disco Revolver e os discos lançados posteriormente, os Beatles provaram porque são considerados a Bíblia do rock mundial e a maior banda de rock de todos os tempos. Uma banda que é a base para quase tudo o que foi feito depois, com uma música que é atemporal e que poderia continuar fazendo sucesso mesmo daqui a cem anos.







Nenhum comentário:

Postar um comentário